PF aponta pagamento ‘por fora’ de R$ 4 mi da Odebrecht a marqueteiro de Dilma nas eleições de 2014
• Nova planilha encontrada no computador de funcionária da empreiteira mostra sete repasses durante o segundo turno do pleito que levou à reeleição da petista, entre 24 de outubro e sete de novembro
Por Mateus Coutinho, Ricardo Brandt e Fausto Macedo – O Estado de S. Paulo
CURITIBA - A Polícia Federal pediu nesta sexta-feira, 26, a prorrogação da prisão temporária do ex-marqueteiro do PT e sua mulher e sócia, João Santana e Mônica Moura com base em novas provas incluindo uma nova planilha de pagamentos apreendida com a funcionária da Odebrecht Maria Lúcia Tavares. Segundo os investigadores, a planilha aponta o repasse de R$ 4 milhões no Brasil para o “programa Feira”, sigla que a PF suspeita ser uma referência ao marqueteiro, entre outubro e novembro de 2014, durante o segundo turno das eleições presidenciais quando João Santana atuou na campanha à reeleição de Dilma Rousseff.
A planilha descoberta no computador da funcionária detalha um total de sete pagamentos entre 24 de outubro e sete de novembro daquele ano somando R$ 4 milhões, e ainda um valor negociado total de R$ 24 milhões, “claramente à margem da contabilidade oficial da Odebrecht”, apontam os delegados Márcio Adriano Anselmo e Renata da Silva Rodrigues no pedido de prorrogação da prisão do casal.
Também chamou a atenção dos investigadores uma coluna da planilha intitulada “Cid” associada aos pagamentos e na qual aparecem as siglas “SAO”, “o que leva a crer tratar-se da cidade de São Paulo e um ‘status’ de ‘totalmente atendida'”, seguem os delegados no documento.
Além destes elementos, a Polícia Federal aponta novos bilhetes e anotações encontradas na casa da funcionária da Odebrecht que reforçam as suspeitas de que ela tratava de repasses ilícitos e mantinha contatos com Mônica Moura utilizando-se da sigla “feira” . Os investigadores ainda reforçam que a planilha de pagamento “Italiano” compartilhada em trocas de mensagens dos executivos da empreiteira indica que o casal teria recebido recursos ilícitos no Brasil em anos eleitorais.
No documento, os delegados anexam trecho da planilha em que aparece referências de pagamentos de R$ 18 milhões e R$ 5,3 milhões em 2008, ano em que o casal trabalhou nas campanhas municipais de Marta Suplicy, então no PT, Gleisi Hoffmann e Vander Loubet, também petistas.
O casal de marqueteiros, em depoimento, afirmou que os valores recebidos em conta secreta na Suíça são relativos a campanhas eleitorais realizadas na Venezuela e em Angola. O criminalista Fábio Tofic, com base nos depoimentos, pediu a liberdade do casal e afastou o elo dos recebimentos irregulares com campanhas no Brasil.
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