sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

Em Davos, Luciano Huck diz que protestos na América Latina são fruto de desigualdade

Sobre política, diz não ter reposta nem para ele mesmo

Daniel Rittner, do Valor / O Globo

DAVOS (Suíça) — O apresentador Luciano Huck foi chamado de "próximo presidente" do Brasil por participantes de um almoço reservado no Fórum Econômico Mundial, em Davos, onde o tema em discussão eram as manifestações e o clima de agitação popular na América Latina. Huck atribuiu os protestos à desigualdade.

— A desigualdade é a fonte dos problemas (na América Latina).

Huck contou à plateia, numa sala lotada por 40 executivos, a história de um entrevistado em seu programa que morava no Morro da 40, em São Gonçalo (RJ), cujos pais se envolveram em atividades criminosas e morreram por causa da violência. O apresentador relatou à plateia que ele terminou a entrevista dizendo querer encontrar seus familiares "mais em formaturas do que em enterros".

A plateia reagiu com sinais de aprovação e a diretora da Comissão Econômica para a América Latina (Cepal), a mexicana Alicia Bárcena, voltou ao assunto minutos depois. "Gostaria de concordar com o João...", falou, sendo cortada em seguida por um Huck sorridente "Luciano".

Huck descreveu as atividades do Renova BR e ressaltou o desafio de levar "gente com ética" para a política. Contou que o movimento dá bolsas de estudos a potenciais lideranças e conseguiu eleger 23 parlamentares para o Congresso Nacional. "Se são de direita ou de esquerda, não importa. Queremos gente com ética."

Foi então que, com perguntas abertas à plateia, um jovem empresário brasileiro o chamou de "próximo presidente" e lhe questionou o que pode motivar pessoas bem sucedidas no mercado, que estão "ganhando milhões de dólares", a deixar de lado suas carreiras e arriscar uma entrada na política para mudar as coisas.

Huck ensaiou uma breve resposta, mas emendou com franqueza no final, pedindo desculpas pela falta de clareza: "Eu não tenho a resposta nem para mim mesmo". Ao sair do almoço, ainda foi parado por Bárcena, da Cepal, para uma selfie: "Agora vou te seguir (nas redes sociais). Espero que você seja o próximo presidente".

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