Folha de S. Paulo
Melhor faria a oposição se o deixasse
latindo sozinho neste feriado
Já chamei Bolsonaro de muita coisa:
genocida, ecocida, sabotador-geral da República, agente de infecção, parceiro
do vírus, arruaceiro. De fato, ele é tudo isso. Mas o qualificativo que melhor
o define é terrorista. Sabemos disso desde 1987, quando a revista Veja publicou
plano elaborado por ele para explodir bombas em
quartéis em protesto contra os baixos salários da tropa.
Terrorismo e golpismo andam juntos. Não é coincidência que um de seus conselheiros, o general Augusto Heleno, tenha sido ajudante de ordens de Sílvio Frota, ministro do Exército do ditador Geisel, nos anos 1970. Linha-dura, como se dizia na época, Frota, um sujeito de mente delirante, tentou dar um golpe dentro do golpe contra Geisel, por considerar que o comunismo estava tomando conta do governo.
Frota não teve sucesso, mas a linha dura
continuaria articulada nas sombras, promovendo uma série de atentados a bomba
contra alvos civis nos anos finais da ditadura. O terrorismo e o golpismo estão
no DNA deste governo de gente bandida, criminosa, disposta a ir para o tudo ou
nada, como Bolsonaro ameaça o tempo todo.
Isso não significa que as Forças Armadas
estejam preparando uma quartelada. Não há coesão para isso nem entre os
fardados nem entre a direita civil que apoiou Bolsonaro alegremente em 2018.
Agora, ele aposta, sobretudo, em setores extremistas das polícias militares.
Em recente debate sobre a conjuntura atual,
o cientista político Luís Eduardo Soares, estudioso de segurança pública,
definiu muito bem o alinhamento das PMs com o presidente: “As polícias são
bolsonaristas antes de Bolsonaro.” Nele encontraram o escoadouro natural da
violência e da cultura dos porões.
Dito isso, o que vai acontecer no 7 de
Setembro? Bolsonaro quer soltar seus cães raivosos e promover uma explosão de
ódio no que mais parece um ato de desespero. Com sua base de apoio derretendo,
melhor faria a oposição se o deixasse latindo sozinho neste feriado.
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