Aproxima-se o 7 de setembro. No próximo ano, completaremos 200 anos de Independência. Infelizmente, em 2021, estamos envoltos numa névoa de temores, rancores e ameaças. O 4 de julho, nos Estados Unidos, é estuário do sentimento de patriotismo do povo americano, independente de convicções políticas ou ideológicas. Assim também é a comemoração da Queda da Bastilha, no 14 de julho. Esse feriado de 2021 seria um bom momento de pausa para reflexão sobre nossa trajetória como povo e Nação, nossas virtudes e mazelas, nossos avanços e desafios. Mas o país estará dividido.
O Brasil era uma país colonial, exportador
de produtos primários como pau-brasil, cana de açúcar, ouro e diamantes com
base em relações de trabalho escravistas. Por um acidente, acossada por Napoleão,
em 1808, a Corte portuguesa aportou no Rio de Janeiro. Avanços foram
introduzidos até o retorno de D. João VI a Lisboa. Assumiu Dom Pedro I. Houve a
tentativa de recolonização. O Dia do Fico representou a opção de Pedro I por
governar o país. Mudanças ministeriais sinalizaram a ruptura. Pedro I vai a
Minas e de lá’ para São Paulo, angariando a simpatia da população. Na volta de
Santos, diante do ultimato português que retornasse à Corte, na beira do Córrego
do Ipiranga, no topo de uma colina verde, de espada em punho, bradou “É tempo! Laço
fora! Independência ou Morte!”, para a emoção das tropas e o espanto do
camponês que aparece solitário no canto da famosa tela de Pedro Américo, “O
GRITO DO PRÍNCIPE”, que se encontra exposta no Museu do Ipiranga. As convicções
nacionalistas de Pedro I, após longo processo de consolidação do Primeiro Reinado,
não foram bastantes para evitar que, em 1931, abdicasse o trono e retornasse à
Portugal, na esperança de se tornar o Rei Dom Pedro IV.
Cento e noventa e nove anos se passaram. O
Brasil se industrializou, o agronegócio se modernizou, a população se
urbanizou, a integridade territorial foi mantida, assim como a língua e a
unidade política.
Neste 7 de setembro, estaremos marcados
pelas centenas de milhares de mortes na pandemia, pelo desemprego alarmante, pelo
retorno da inflação, pelo aprofundamento da pobreza, pela armadilha do baixo
crescimento. Mas estaremos principalmente sitiados por um ambiente inédito de
radicalismo político, de intolerância ideológica e esgarçamento do tecido
social e institucional.
Os desafios colocados no caminho de uma
Nação justa, soberana, democrática e fraterna exigem capacidade de negociação e
diálogo, serenidade e prudência, equilíbrio e sabedoria, firmeza, mas
capacidade de ouvir os diferentes.
Podemos nos xingar de fascistas e
comunistas, de genocidas e ladrões a esmo sem acrescentar uma linha positiva na
história brasileira. Que no 7 de setembro prevaleça a união dos brasileiros em
torno de nossos valores mais profundos.
*Marcus Pestana, ex-deputado federal (PSDB-MG)
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