O Estado de S. Paulo
Em cenário tão nebuloso, o Copom deveria
deixar em aberto decisão sobre juros em agosto
Uma alta de 0,50 ponto porcentual da taxa
Selic, para 13,25%, já é amplamente esperada para a decisão do Copom hoje, mas
a grande expectativa é saber como o Banco Central vai tratar o projeto que
reduz impostos sobre combustíveis e outros serviços essenciais.
Para analistas, essa avaliação no
comunicado do Copom seria a principal sinalização sobre os próximos passos da
política monetária, em particular se o ciclo de alta de juros poderá prosseguir
em agosto. Isso porque há o temor em relação tanto à piora fiscal quanto ao
efeito adverso sobre a inflação no médio prazo do que está em discussão.
Foi mal recebida pelo mercado a proposta do governo, via PEC, para ressarcir os Estados que decidirem zerar o ICMS sobre diesel e gás de cozinha, que resultaria numa despesa ao redor de R$ 25 bilhões fora do teto de gastos.
Como a zeragem nos impostos está prevista
para acabar no fim deste ano, voltando a carga tributária mais alta no ano que
vem, o alívio na inflação é de curto prazo e resultará numa pressão maior sobre
os preços em 2023, justamente o horizonte relevante para a política monetária.
Antes disso, há o projeto para limitar a
cobrança do ICMS em 17% para combustíveis, energia elétrica, telecomunicações e
transporte, o que resultaria em renúncia de arrecadação de bilhões de reais,
comprometendo o resultado primário do setor público.
Por enquanto, a grande maioria dos
economistas não embutiu nas projeções os cálculos já feitos sobre o impacto na
inflação de 2022 e 2023 dos projetos de redução de impostos.
Após o IPCA de maio, a mediana das
estimativas para a inflação de 2022 caiu para 8,70%, no levantamento do Projeções
Broadcast, ante 8,89% da última pesquisa Focus, do BC. E o consenso das projeções
para o IPCA em 2023 ficou em 4,50% ante 4,39% no boletim Focus.
Como a aprovação de uma PEC nem sempre
ocorre no prazo desejado pelo governo ou mantém o texto original, a reunião do
Copom hoje está envolta num elevado grau de incerteza. E mesmo o alívio com o
teto para o ICMS chegará integralmente aos preços das bombas de combustíveis?
Além do mais, não se sabe se a piora da
percepção do risco fiscal seguirá pressionando o dólar, outra variável
importante para as expectativas de inflação.
Nesse cenário tão nebuloso, o Copom deveria
deixar em aberto a decisão sobre os juros na reunião de agosto. Até lá, terá
mais informações sobre a dinâmica da inflação, os efeitos defasados da política
monetária e a aprovação das propostas para reduzir os impostos sobre
combustíveis.
Um comentário:
Bozo e Guedes tentando abaixar a inflação à marretadas.
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