sábado, 8 de outubro de 2022

Carlos Alberto Sardenberg - Tanto pró e tanto contra

O Globo

Movimento da direita é muito maior que o presidente extremista. E ex-presidente é maior que o petismo

Em termos técnicos, pode-se dizer que todos os institutos de pesquisa estão certos, cada um a sua maneira. Quer dizer, conforme os métodos e critérios que utilizam. Mas, se todos estão corretos ao mesmo tempo e mostram resultados diferentes, pode-se dizer também que todos estão errados.

Não é por aí que se vai entender o que se passa no país. E o que se passa? Há um momento ou, se quiserem, uma onda de direita, conservadora, pró-capitalista, muito maior que o bolsonarismo raiz, este sendo a extrema direita.

No caso da eleição presidencial, os maiores institutos e a maior parte dos analistas enxergaram uma onda de voto útil pró-Lula, um forte sentimento para acabar com a coisa no primeiro turno.

Houve esse voto útil, mas não na escala antecipada. O movimento não saiu das elites partidárias e intelectuais.

E houve uma espécie de contravoto útil, em Bolsonaro. Isso não foi captado. O presidente teve um resultado melhor que o indicado nas pesquisas.

Pode-se resumir assim: o voto à esquerda foi superestimado. Inversamente, o voto à direita foi subestimado.

Não foi a primeira vez. Há um padrão aí. Nas duas eleições que venceu, Lula teve no primeiro turno menos votos do que indicavam as pesquisas. Idem para Dilma e para Haddad, este em 2018.

Neste ano, esse padrão foi claramente registrado nos estados, nas eleições para governador e senador. Em quase todos os lugares, a direita foi subestimada.

Considerem São Paulo. Tarcísio de Freitas, a direita, parecia disputar a segunda vaga com Rodrigo Garcia, Haddad liderando fácil. Nas urnas: Tarcísio com folgada liderança, Haddad decepcionado. E ninguém acreditava que o astronauta se elegeria, muito menos com tanta facilidade. Considerem o Rio Grande do Sul. O bolsonarista Onyx parecia disputar a segunda vaga. Pois chegou bem na frente. Eduardo Leite, suposto favorito, passou raspando para o segundo turno e está bem atrás. No Rio, Castro estava na frente, mas chegou com muito mais folga. Idem para Romeu Zema em Minas. O que aconteceu?

Uma resposta: é o antipetismo. Outra, paralela: pesaram muito dois tipos de voto, o evangélico e o de costumes, de conservadores contra a agenda progressista. Não pode ser só isso. No interior de estados como São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, o voto evangélico não tem peso significativo. Podem ser conservadores, mas não radicais.

Em São Paulo, Tarcísio teve mais de 9 milhões de votos. Seria tudo antipetista? Tudo fascista? Tem de ser também a favor de alguma coisa. Basta olhar os temas fortes da campanha vencedora: obras, privatização, concessões, liberdade de empreender, garantias ao ambiente de negócios. Vale também, e muito especialmente, para Romeu Zema em Minas, desde já um importante quadro da direita. Ele teve mais votos que Bolsonaro no estado.

Bolsonaro teve 51 milhões de votos. De novo, não é possível que sejam todos extremistas reacionários. Bolsonaro ganhou no Sul, Sudeste e Centro-Oeste, regiões com uma característica em comum: são as mais desenvolvidas, pelo modelo capitalista. É o setor privado que comanda. Esse pessoal se incomoda com o intervencionismo estatal do PT.

Lula ganhou no Nordeste e no Norte, onde as populações e a economia são mais dependentes de ações dos governos.

Tudo considerado, esse movimento da direita é muito maior que o Bolsonaro extremista. Inversamente, como já se viu noutras eleições, Lula é maior que o petismo.

Não é por acaso que políticos em torno de Bolsonaro procuram “moderar” o presidente e afastar os bolsonaristas raiz, aquela turma de 2018.

Lula se move para o centro. Os votos dos pais do Real e de Simone Tebet vão nessa direção. Além disso, esses votos se baseiam na convicção de que Bolsonaro é ameaça à democracia — pelo que já fez e pelo que pode tentar, dado o peso conservador no novo Congresso.

Em resumo, a direita civilizada acha que Bolsonaro pode até tentar, mas não conseguirá dar o golpe. O centro e o centro-esquerda esperam a volta do Lula do primeiro mandato.

 

5 comentários:

Anônimo disse...

O Lula ladrão será desmascarado irá pra lata de lixo da história por mais que vocês façam campanha e o ST F controle dos opositores

Anônimo disse...

Eu não sei onde vocês encontraram o argumento de que o ladrão é a garantia da democracia , Quem promoveu o maior assalto aos cofres públicos da nação gerando a maior corrupção de todos os tempos, está agredindo diretamente a democracia corrompendo os seus valores república

Murilo Murça de Carvalho disse...

Acho que não se deve aceitar comentários anônimos, particularmente contestando a matéria assinada. Acolher tais críticas é contribuir para as fake news, a corrente de desinformação. Esses comentários são típicos da produção do Gabinete do Ódio. Meu nome é Murilo Murça. Respondo pelo que penso e escrevo.

Anônimo disse...

" pessoal se incomoda com o intervencionismo estatal do PT"

Verdade. Mas ganhar dinheiro não é garantia de inteligência.

Os empresários destas regiões ganharam MAIS dinheiro com LULA do q com o genocida, fato comprovado pelos vários índices de crescimento, inflação, da bolsa, o q for.
Por ex., o véio da havan tentou abrir capital no desgoverno bozo e não conseguiu (sem falar q sua mae morreu sem vacina - outra fixação bolsonarista). No entanto, o véio continua com o bozo, donde se conclui q:
1) ele ganharia mais dinheiro se tivesse num governo q lhe permitiria abrir capital.
2) sua mãe estaria viva se o negacionismo vacinal não fosse uma característica do gado.
3) E, porra, o intervencionismo estatal do bozo é maior do q do Lula - qq economista, inclusive os do plano real, sabe disso - bozo, tentando comprar a reeleição gasta MUITO MAIS DO Q LULA E O BRASIL TÁ QUEBRADO.

Anônimo disse...

"A direita civilizada acha que Bolsonaro pode até tentar, mas não conseguirá dar o golpe." Poxa, o GENOCIDA está tentando este golpe há tempo. Nos 2 últimos 7 de setembro, ele prometeu ou ameaçou, e acabou voltando atrás por falta de apoio militar e político. Agora, com quase 100 deputados do seu partido e mais diversos senadores, a chance de ele se sentir apoiado é muito maior! Só lembrando, Jair Bolsonaro foi mau militar, punido, preso e expulso da corporação! Como deputado do baixo clero, foram 7 mandatos dedicados exclusivamente às RACHADINHAS FAMILIARES e a enriquecer sua FAMILÍCIA! Como presidente, ele foi GENOCIDA, fez a PIOR GESTÃO DA PANDEMIA entre todas as nações! A Direita civilizada vai acreditar num MENTIROSO COMPULSIVO? Talvez esta direita não seja tão civilizada e esteja na verdade disposta a embarcar na AVENTURA GOLPISTA com seu capitão das RACHADINHAS...