Correio Braziliense
Do outro lado do balcão, a equipe de
transição começa a cair na real das dificuldades que enfrentará no Congresso
Não foi à toa que o presidente Jair
Bolsonaro (PL) voltou ao Palácio do Planalto, ontem, depois de um chá de
sumiço, no qual estaria em depressão e com erisipela – um processo infeccioso
da pele, que pode atingir a gordura do tecido celular, causado por uma bactéria
que se propaga pelos vasos linfáticos. A doença é comum em diabéticos, obesos e
portadores de deficiência da circulação das veias dos membros inferiores, mas
também pode ser causada pela baixa imunidade de quem está em depressão.
Na terça-feira, o pedido de anulação das eleições apresentado pelo presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, animou Bolsonaro a liderar uma espécie de terceiro turno das eleições, embora essa seja uma causa impossível no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Bolsonaro acredita piamente na manipulação das urnas eletrônicas desde sua eleição em 2018, pois afirma que a teria ganho já no primeiro turno.
Pelo andar da carruagem, o presidente da Corte eleitoral, Alexandre de Moraes, nem tomará conhecimento do pleito. Se o fizer, alimentará as especulações criadas por um relatório sem consistência técnica, que se alimenta de um falso argumento: a numeração de série não individualizada em 60% das urnas utilizadas no segundo turno, que são as mesmas do primeiro e das eleições anteriores. Hoje, veremos se o PL aditará ao requerimento o pedido de anulação das eleições do primeiro turno, por uma questão de coerência, como exigiu Moraes no seu primeiro despacho sobre o tema.
A última agenda oficial do presidente no
Palácio do Planalto fora no dia 31 de outubro, uma reunião com o ministro da
Economia, Paulo Guedes, um dia após o segundo turno da eleição presidencial.
Bolsonaro, até hoje, não reconheceu formalmente a derrota para o presidente
eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No dia 1º de novembro, no seu brevíssimo
pronunciamento sobre as eleições, afirmou somente que continuará cumprindo a
Constituição Federal e, desde então, mantinha uma postura ambígua em relação ao
resultado das urnas. Agora, não, questiona a segurança das urnas e quer anular
a eleição.
O fato é que o pedido do PL é mais um
degrau da escala golpista que está em curso no país, com protestos à porta dos
quartéis e bloqueios sistemáticos de estradas por caminhoneiros, sem falar em
ações mais violentas, como as que ocorreram em Santa Catarina, com a queima de
veículos. Bolsonaro conta com apoio de militantes inconformados com a derrota,
que acreditam em qualquer coisa para mantê-lo no poder e permaneceram nas ruas
após 30 de outubro.
Bolsonaro também tem o apoio dos militares
que o cercam no Palácio do Planalto e, em especial do general Braga Neto, vice
de sua chapa, cuja atuação nos bastidores da campanha de Bolsonaro foi muito
intensa, porém, discreta, na organização e mobilização de seus apoiadores.
Ontem, o vice-presidente Hamilton Mourão, eleito senador pelo Grande do Sul,
pôs mais lenha na fogueira, ao questionar a legitimidade do Tribunal Superior
Eleitoral (TSE) para garantir que as eleições transcorreram normalmente e não
ocorreram fraudes, o que é muito grave.
“Não basta, pura e simplesmente, respostas
lacônicas do nosso Tribunal Superior Eleitoral no sentido de contestar
eventuais, vamos dizer assim, denúncias ou argumentações sobre o processo (de
votação). Nós teremos que evoluir nisso aí”, afirmou o vice ao nosso
correspondente em Lisboa, o jornalista Vicente Nunes. “Acredito que o Tribunal
Eleitoral foi parcial nesse jogo”, disse Mourão. “Há, no Brasil, uma parcela da
nossa sociedade que considera que o processo [eleitoral] tem problemas. E eu,
de minha parte, vejo que precisamos ter que dar mais transparência nesse
processo”, completou.
Orçamento
Mourão não questiona a legalidade da sua
própria eleição ao Senado, realizada com as mesmas urnas. Sua declaração, em
evento da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, porém, teve muita
repercussão, inclusive internacional. Os olhos dos principais governantes e da
opinião pública do Ocidente estão voltados para o Brasil. Para o
vice-presidente, as manifestações organizadas por apoiadores do presidente Jair
Bolsonaro, que vêm causando transtornos à maioria da população brasileira, não
podem ser consideradas como golpistas.
Entretanto, basta ver as palavras de ordem
das manifestações para constatar que elas são de natureza golpista, pois pedem
o fechamento do Supremo Tribunal Federal, a prisão do presidente do TSE,
ministro Alexandre de Moraes, e uma intervenção militar para manter Bolsonaro
no poder, embora realizá-las de forma ordeira e pacífica seja um direito dos
manifestantes.
Do outro lado do balcão, a equipe de
transição começa a cair na real das dificuldades que enfrentará no Congresso.
Não há o menor risco de aprovar a exclusão do Bolsa Família do teto de gastos
por quatro anos. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), não precisa do
governo para se reeleger e não tem interesse em resolver um problema no atacado
que exigirá um esforço ainda maior de negociação de Lula com o novo Congresso,
no varejo.
A PEC da Transição ou do Bolsa Família, que
seria apresentada ontem, por causa do impasse, talvez só possa ser formalizada
na próxima semana. Diante das pressões do Centrão, ganha força a tese de que
Lula não precisa da PEC para resolver o problema do Bolsa Família, pois pode
administrar com um duodécimo do que foi gasto em 2022, até que o novo Orçamento
seja efetivamente aprovado.
4 comentários:
Põe Azedo nisso...
O povo não quer mais carregar esses parasitas comunistas nas costas a farra dos bandidos custa caro para o Brasil o ladrão não vai subir a rampa
Lula ladrão seu lugar é na prisão gritava a torcida brasileira ontem no Qatar
Vocês jornalistas abraçaram o Lula e a ditadura da toga uma vergonha ficará marcada na história do jornalismo brasileiro para sempre
Chamem o Barroso,rs.
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