quinta-feira, 24 de novembro de 2022

William Waack - A boniteza do sapo

O Estado de S. Paulo

Lula está no meio do caminho entre criar consensos ou provocar perigosa crise de confiança

O grande teste para o presidente eleito Lula é conseguir pular a própria sombra. Não se trata apenas da sombra deixada pelos escândalos de corrupção do período petista no poder, um dos fatores essenciais para se entender a oposição ao novo/velho governante.

A grande sombra que Lula precisa pular é a da própria geração. É a que, na saída do regime militar, acreditou que a redemocratização e tudo o que se escreveu na Constituição automaticamente levariam à solução de desigualdade, miséria, ignorância, violência e doença.

Essa geração adotou um “contrato social” que fez subir constantemente os gastos sociais nas últimas décadas, não importando qual governo. Ocorre que o País quebrou tentando financiar esse estado de bem-estar social. É este o grande pano de fundo do debate em torno da PEC da Transição.

Ao se tentar entender como uma parcela relevante dessa geração – a atual velha-guarda do PT – orientou sua ação política é fundamental considerar o peso das ideias. Uma das mais centrais na formação dos dirigentes petistas é a que atribui ao Estado o principal papel nas transformações, sobretudo para transferência de renda como instrumento de combate à desigualdade.

A julgar pelo que se ouve da equipe de transição, o cerne desses postulados não se alterou.

Sucessivos pronunciamentos de Lula indicam que essa “visão de mundo” (aumento dos gastos sociais via impostos e endividamento) continua orientando a velha-guarda que o cerca.

Mas ela enfrenta uma questão crucial de difícil solução. Para ficar em apenas um aspecto, o do poder político, ele se alterou substancialmente, dificultando a ação do PT tanto em função do desequilíbrio entre os Poderes (Judiciário e Legislativo avançaram sobre o Executivo) quanto pela deterioração dos partidos políticos e a predominância do patrimonialismo no Legislativo.

A margem de manobra política diminuiu ainda mais por causa da amplitude da oposição extra parlamentar, talvez mais significativa que a parlamentar. Nos dois âmbitos tornou-se imperioso o salto rumo a um amplo

 

2 comentários:

Anônimo disse...

É tão ruim esse jornalista bosta-rala a soldo, que Gilvan fez bem ao truncar o texto dele

ADEMAR AMANCIO disse...

Carácoles!