Folha de S. Paulo
Chefes indicados por Lula precisam
restabelecer disciplina contra cultura alimentada por Bolsonaro e auxiliares
A equipe de Lula não vê muito risco na
ameaça golpista que se arrasta desde a eleição, mas também sabe que o tumulto
provocado por bolsonaristas não vai desaparecer de uma hora
para outra. O provável ministro Flávio Dino chamou atenção para o que deve
ocorrer na virada do calendário: "Caso esses atos se prolonguem, a partir
de 1º de janeiro eles serão um problema nosso".
Nos primeiros meses de mandato, Lula provavelmente terá que lidar com alguns bloqueios de rodovias e aglomerações pró-ditadura nas portas dos quartéis. Aliados do presidente eleito acreditam que a temperatura deve baixar gradualmente com a posse, mas também entendem que os bolsonaristas devem manter protestos do tipo com o objetivo de desgastar o governo.
Salvo uma crise inesperada, que amplifique
insatisfações, nenhuma dessas movimentações deve ser capaz de abalar o novo
governo. A verdadeira bomba que o presidente e seus auxiliares terão que
desarmar está dentro da caserna.
Jair
Bolsonaro e a cúpula militar alimentaram uma cultura golpista
dentro das Forças Armadas. Um processo de ocupação de espaços de poder, atuação
política escancarada e indisciplina fez reverberar nos quartéis a ideia de que
havia uma licença para desrespeitar a democracia.
Militares da ativa passaram a se sentir
livres para manifestações políticas sobre as eleições (o que já configura uma
transgressão) e também para fazer ameaças à posse do presidente eleito. Um
sargento da Marinha lotado no Planalto chegou a defender o assassinato de
eleitores de Lula, como mostrou a Folha.
Todos eles seguem um precedente generoso
aberto a pedido de Bolsonaro. O sinal verde para as tropas foi dado em junho de
2021, quando o comando do Exército decidiu livrar o
general Eduardo Pazuello de punições pela participação num ato
político com o presidente.
Os novos comandantes das Forças, indicados por
Lula, precisarão restabelecer a disciplina para sufocar o golpismo
nos quartéis.
2 comentários:
O golpismo não está só nos quartéis! Temos um golpista também aqui no blog, o papagaio bolsonarista que previa vitória do GENOCIDA no primeiro turno, e depois se contentava com vitória simples do GENOCIDA no segundo turno... Agora, se Lula for impedido de assumir a presidência, o "neopatriota" já ficaria satisfeito... Estes são os democratas bolsonaristas! Milicianos disfarçados de cidadãos...
Precisa mudar o quartel de Abrantes.
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