O Estado de S. Paulo
Já sabemos que o futuro vice-presidente,
Geraldo Alckmin, também vai ser o ministro que vai comandar o desenvolvimento
da indústria, mas não sabemos qual será a política industrial.
O PT não sabe o que quer. O relatório final do governo de transição é vago quando trata sobre a indústria. Fala em reverter a desindustrialização, explorar investimentos em ações coordenadas entre os setores públicoprivado, “promover o engajamento da indústria na transição tecnológica” para uma economia verde e limpa e mais competitiva, porém são palavras vazias porque não estão acompanhadas de ações concretas.
A indústria brasileira é excessivamente protegida,
conta com as tarifas alfandegárias que estão entre as seis mais elevadas do
planeta, com mecanismos de reserva de mercado interno, com subsídios e
renúncias tributárias e tem à sua disposição um bancão de desenvolvimento, o
BNDES, que poucos países têm. E, no entanto, a indústria de transformação vai
se desidratando a cada ano (veja o gráfico).
A velha desculpa de que enfrenta excessivo
custo Brasil, infraestrutura sucateada ou não existente, câmbio baixo demais e
juros altos não explica sua baixa competitividade. Outros setores que dependem
até mais da infraestrutura, do câmbio mais desvalorizado e do juro alto, como o
agro, vão muito bem, porque têm mercado externo.
As “diretrizes” do PT ainda sugerem que o
governo Lula adote o investimento público e a redução do custo do crédito para
fortalecer a indústria nacional. E, no entanto, não há investimento público
quando o Tesouro está espremido como bagaço de laranja e quando os juros estão
lá em cima, porque têm de combater a inflação produzida pela deterioração das
contas públicas.
A ideia de derrubar a Taxa de Longo Prazo
(TLP) cobrada pelo BNDES exigiria suprimentos de capitais (funding) abundantes
e também mais baratos, que não estão disponíveis por aí, ou ainda mais
subsídios, que o Tesouro não pode proporcionar.
Sim, é preciso acordos comerciais, para
abrir mercado externo para o produto industrial. No entanto, sem abrir mão do
protecionismo não há como avançar em acordos comerciais.
As exportações da indústria de veículos,
por exemplo, estão travadas até mesmo para a Argentina. Sem desenvolvimento de
modelos elétricos, será difícil obter mercado lá fora, que enfrenta prazos cada
vez mais rígidos de proibição das vendas de veículos movidos a combustíveis
fósseis.
O Brasil não tem problemas geopolíticos, é
grande exportador de commodities – o que hoje é vantagem –, mas tem contra a
indústria a questão fiscal mal resolvida (ou não resolvida), o desrespeito das
regras do jogo e falta de estratégia.
2 comentários:
Celso Ming repete a mesma lenga-lenga a uns 40 anos, sempre no papel de voz a soldo do dono.
É uma espécie de mau aluno repetente que não aprende nada nunca.
Celso Ming...
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