O Globo
Chefe do GSI no governo Temer, general
ataca STF, reclama da imprensa e faz ameaça velada a Lula
O general Sérgio Etchegoyen está enfezado.
Acha que os golpistas do 8 de Janeiro viraram vítimas de injustiça. Em
entrevista à TV Pampa, o ex-ministro esbravejou contra os tribunais, o governo
e a imprensa. Ao comentar os ataques à democracia, usou eufemismos como
“acidente” e “triste episódio”.
O militar chefiou o Gabinete de Segurança Institucional no governo Temer. De volta à planície, foi contratado por uma agência de comunicação corporativa. Pendurou a farda, mas continuou a ser lido e requisitado como porta-voz da caserna.
A exemplo de Bolsonaro e seus apaniguados,
o general nutre pouco apreço pelo Judiciário. Considera que o STF e o TSE
“carecem de credibilidade”. Para ele, os juízes são “apaixonados por
microfones” e gostam de “falar mal do país lá fora”. “Isso é inaceitável”,
condenou. Sobre os extremistas que atacam o sistema eleitoral, emitiu opiniões
mais amenas. “É legítimo duvidar do resultado”, disse.
Etchegoyen está invocado com Lula. Nos
últimos dias, o presidente criticou a segurança do Planalto e afirmou que
“perdeu a confiança” em parte dos militares. Para o ex-ministro, a frase
revelou “profunda covardia”. De Lula, não dos militares que permitiram a
invasão. “É a velha técnica de procurar culpados”, protestou. “Como é que se
pacifica o país a partir daí? Como é que pacifica as Forças Armadas?”.
A imprensa, sempre ela, também entrou na
mira do general. Ele acusou a mídia de perseguir Bolsonaro, ultrapassando
“todos os limites da razoabilidade”. Numa declaração curiosa, reclamou de
excesso de jornalismo na cobertura do quebra-quebra. “Esse episódio merece uma
abordagem mais objetiva e menos panfletária. Menos jornalística, sem ofensa”,
palpitou. A despeito das críticas, o ex-ministro confidenciou que se informa
cada vez menos por veículos tradicionais. “Abandonei muito o noticiário”,
admitiu.
Os Etchegoyen têm um longo histórico de
envolvimento em golpes e conspirações. O avô do general, que alcançou a mesma
patente, tentou impedir a posse de três presidentes. Um de seus alvos foi
Juscelino Kubitschek, inventor da cidade que os bolsonaristas tentaram
destruir.
Em 2014, quando ainda estava na ativa, o
general de Temer se projetou ao atacar a Comissão Nacional da Verdade, que
investigou crimes da ditadura militar. Não era só reacionarismo, era defesa do
clã. Seu pai e seu tio foram apontados como responsáveis por graves violações
aos direitos humanos. Os dois nunca foram julgados graças à Lei da Anistia.
Nove anos depois, o oficial sugere um novo
perdão, desta vez em favor dos extremistas de Brasília. “Espero profundamente
que os responsáveis pelos nossos destinos façam uma reflexão e tenham a
grandeza de buscar a pacificação”, discursou.
Ao pregar a impunidade de colegas de farda,
Etchegoyen disse defender a “tranquilidade” e o “bom senso”. Acrescentou que o
governo precisa “harmonizar a sociedade” para “poder andar”. “Por enquanto, os
sinais que está dando é (sic) que não consegue andar. E possivelmente tenha
acabado (sic) no dia 8 de janeiro”, opinou. Sobre o futuro do presidente, o
general soltou uma frase enigmática: “É muito difícil prever o que vai
acontecer”.
As ameaças veladas de Etchegoyen animaram o
apresentador da TV Pampa, que chamou o golpe de 1964 de “revolução” e
manifestou saudades da “velha Arena”. Num momento de descontração, o general
contou que torce pelo Grêmio, celebrou a contratação de Suárez e elogiou o
livro “As 44 regras do poder”. Ao que tudo indica, referia-se “As 48 leis do
poder”, um best-seller de autoajuda empresarial.
Na contracapa, o leitor encontra dicas para
“conquistar o que deseja”: “esperar o momento certo para atacar”, “criar uma
aura de mistério para confundir os inimigos”, “encobrir todos os atos em
cortinas de fumaça”.
4 comentários:
Etchegoyen é o típico milico golpista brasileiro. Compare-o com o general estadunidense Milley q pediu desculpas por se deixar usar pelo Trump numa caminhada. Nenhum generaleco do Brasil tem dignidade suficiente pra se desculpar por se deixar usar pelo genocida e pelos inegáveis apoios ao golpe e a favor do terrorismo.
O EB sai com a farda suja como só no golpe de 64 - que vergonha!
Deve ser esse gagá imbecil fardado de pijama que a Mariluz falava outro dia
Lula está fazendo tudo certinho, e bem.
É isto que assusta e ameaça os pilantras gê-ésse-istas de hoje e de ontens.
Carácoles!
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