Folha de S. Paulo
Denúncias contra bolsonaristas mal
começaram; não é à toa que essa turma queria tanto o golpe
Valdemar Costa Neto, presidente do partido
de Jair
Bolsonaro, declarou que "todo mundo" tinha em casa documentos
como a minuta
do golpe encontrada na residência do ex-ministro Anderson Torres (Justiça).
Com seu depoimento, o presidente do PL
deixou claro que a mobilização golpista envolveu muito mais gente no último
governo além de Bolsonaro e Torres. As autoridades devem investigar quem era o
"todo mundo" do Valdemar.
Por essas e outras, aliados já começam a se
perguntar se a proximidade com Bolsonaro não está tornando Valdemar tóxico.
Todo mundo no PL topa aguentar 20 ou 30
bolsonaristas mentindo sobre vacina se isso lhes render mais dinheiro do fundo
partidário. Porém, se os bolsonaristas se tornarem chamariz de polícia, a coisa
vai mudar de figura: muita gente ali, como o próprio Valdemar, já teve
experiências difíceis com as forças da lei.
E as denúncias contra os bolsonaristas mal
começaram. Não é à toa que essa turma queria tanto o golpe: assim que perderam
o poder de distribuir verbas e cargos públicos, a blindagem que os protegia
evaporou.
Vejam, por exemplo, o caso da senadora
eleita Damares
Alves.
Wellington Macedo de Souza, um dos terroristas que tentaram explodir um caminhão no aeroporto de Brasília na véspera de Natal —vamos lá, leia essa frase de novo, leia em voz alta— trabalhava com assessor em seu ministério.
Se isso já não fosse ruim o suficiente,
Damares pediu que Bolsonaro vetasse o envio de água potável aos yanomamis —novamente,
vamos lá, leia de novo, leia em voz alta— a tribo indígena que encerrou o
debate sobre a possibilidade de chamar Jair Bolsonaro de genocida.
Ou seja, Damares já começará seu mandato
suspeita de ter acobertado terrorismo e promovido genocídio, sob ordens de um
presidente que adora colocar culpa em mulher.
O corrupto médio do PL facilmente roubaria
10% da água dos yanomami e venderia uma bomba superfaturada para o terrorista
do aeroporto, mas ele não quer estar em foto que pode parar na Corte
Internacional de Haia.
Damares não é, nem de longe, a única
bolsonarista do PL em maus lençóis. Deputados como André Fernandes (PL-CE) e
Silvia Waiãpi (PL-AP) já são investigados pela Procuradoria-Geral da República
por incentivarem a Intentona
Bolsonarista do dia 8.
Mas não é só o PL que está tendo
dificuldade em transformar o golpismo em capital político "normal".
Recentemente, o governador de Minas
Gerais, Romeu
Zema, mentiu que o governo Lula deixou a Intentona
Bolsonarista acontecer para lucrar politicamente com isso.
Zema cogita deixar o Partido Novo, mas é
daquela facção do partido que só não foi no golpe porque mamãe não deixou sair
sem casaco.
Ao mentir sobre um assunto tão sério, o
governador mineiro deixou claro que quer liderar a direita pós-Bolsonaro, mas
aceita liderá-la do jeito que ela está; não tem a coragem necessária para
conduzi-la de volta à democracia.
Tanto o PL quanto políticos como Zema estão
tentando utilizar o patrimônio eleitoral do golpismo para ganhar votos e verbas
dentro da política institucional normal. Mas, se a lei for aplicada e as
instituições voltarem a funcionar, ambos podem descobrir que têm nas mãos o
equivalente político de dívida das Lojas Americanas.
2 comentários:
Damares, a criminosa fascista que foi ministra CONTRA os Direitos humanos... Pseudorreligiosa mentirosa como seu ex-chefe! A Justiça tem que alcançá-la rapidamente, antes que amplie o leque de crimes cometidos!
Cai o rei de espada,cai o rei de ouro...
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