Correio Braziliense
O Conselho Nacional do Ministério Público
(CNMP) realiza correições no Paraná, no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul
para investigar desvios no transcurso da Operação Lava-Jato
A desconstrução em curso da Operação
Lava-Jato é o principal trunfo do procurador-geral da República, Augusto Aras,
para permanecer no cargo. Embora essa possibilidade seja remota, o ajuste de
contas com a força-tarefa é música para os ouvidos do presidente Luiz Inácio da
Silva e o Senado, responsáveis pela escolha do chefe da Procuradoria-Geral da
República (PGR).
Uma conjugação de astros opera contra os
principais responsáveis pela sua condenação, que foi anulada pelo STF, o então
coordenador da força-tarefa, o ex-deputado Deltan Dallagnol (Republicanos-PR),
cujo mandato foi cassado pela Mesa da Câmara, e o senador e ex-juiz Sergio Moro
(União Brasil-PR), à época o titular da 8ª Vara Criminal de Curitiba, que agora
também está ameaçado de cassação no Senado.
O Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) realiza correições no Paraná, no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul para investigar desvios no transcurso da Lava-Jato, entre os quais o uso indevido de recursos arrecadados pela operação. Em sigilo, uma correição extraordinária, conduzida pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) na 13ª Vara Federal de Curitiba e no Tribunal Regional Federal da 4ª Região, investiga a atuação de promotores e juízes no caso. Está sob responsabilidade do corregedor nacional de Justiça, ministro do STJ Luís Felipe Salomão, que também é candidato a uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF).
O principal caso investigado é a proposta
de criação de uma fundação para gerenciar os recursos provenientes dos acordos
com as empresas envolvidas no escândalo, ideia que naufragou porque não teve
apoio do Supremo. O acordo com a Petrobras previa que R$ 2,5 bilhões seriam
depositados em conta vinculada à 13ª Vara Federal de Curitiba, destinados ao
empreendimento. Uma das cláusulas previa o fornecimento de informações ao
governo dos Estados Unidos sobre os negócios da Petrobras, para que o dinheiro
viesse para o fundo.
A própria PGR recorreu ao STF pedindo que
fosse declarada a nulidade do acordo; no mesmo dia, o MPF anunciou a suspensão
da criação do fundo. A proposta era que o fundo fosse criado com US$ 75 mil e
gerenciado por um consórcio entre a Transparência Internacional e a Fundação
Getulio Vargas, cujos principais dirigentes à época eram Bruno Brandão e
Joaquim Falcão, respectivamente, que supostamente participaram da elaboração do
projeto.
A fundação da Lava-Jato seria criada com um
caixa bilionário: R$ 2,5 bilhões da Petrobras, R$ 2,3 bilhões oriundos do
acordo de leniência do grupo J&F e R$ 1,4 bilhão do acordo de leniência com
a Camargo Corrêa. R$ 625 milhões da multa deveriam ser pagos à força-tarefa. O
plano ruiu porque, em 2019, a Advocacia-Geral da União (AGU) e a Controladoria-Geral
da União (CGU) detonaram o projeto. Ocorre que, antes disso, Moro havia
determinado o depósito em conta da 13ª Vara Criminal Federal de US$ 100 milhões
do ex-presidente da Sete Brasil Pedro Barusco e outros recursos de alguns
acordos de leniência.
Correições
Segundo a AGU e a CGU, Moro não poderia
homologar acordos de leniência nem contratos com órgãos dos Estados Unidos e da
Suíça à revelia do Ministério da Justiça, do Itamaraty e do governo brasileiro.
Num dos acordos, previa-se que dos R$ 3,1 bilhões do acerto da Braskem, R$ 2,3
bilhões iriam para o MPF; R$ 310 milhões, para o Departamento de Justiça
americano; R$ 212 milhões, para a CVM dos EUA; e mais R$ 310 milhões, para a
Procuradoria-Geral da Suíça. O acordo com a Odebrecht previa que, dos R$ 3,8
bilhões que seriam pagos na leniência, 82,1% iriam para o MPF; 10%, para as
autoridades suíças; e 7,9%, para o Departamento de Justiça dos EUA. Cerca de R$
10 milhões foram destinados à vara do juiz federal Marcelo Bretas, do Rio de
Janeiro, afastado do cargo pelo CNJ.
Correições existem para identificar e
corrigir erros, eventuais excessos e abusos cometidos por magistrados. No caso
do CNJ, o corregedor Luís Felipe Salomão conta com o auxílio de um
desembargador e dois juízes para checar todas as fases e informações dos
processos. Uma das primeiras medidas tomadas, no fim de maio, foi afastar o
juiz Eduardo Appio do comando da 13ª Vara Federal, em Curitiba.
O advogado João Eduardo Malucelli, filho do
desembargador Marcelo Malucelli, da 8ª Turma, recebeu uma ligação telefônica
suspeita. Perícia da Polícia Federal afirmou que a voz do interlocutor poderia
ser do próprio Eduardo Appio. O juiz recorreu ao CNJ para voltar ao cargo, mas
o ministro Salomão decidiu mantê-lo afastado da 13ª Vara Federal de Curitiba
até que seja concluída a investigação sobre supostas ameaças ao filho do
desembargador Marcelo Malucelli, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região
(TRF-4).
A 13ª Vara também já foi comandada pelo
juiz Luiz Bonat e pela juíza substituta Gabriela Hardt. No TRF-4, entre os
gabinetes a serem auditados, está o do desembargador Malucelli, cujo filho é
sócio no escritório de advocacia do senador Moro e da mulher dele, a deputada
federal Rosângela Moro, ambos do União Brasil. Malucelli declarou-se suspeito para
julgar o caso.
Imperdível — será lançado nesta terça-feira, em Brasília, o livro O que vi dos presidentes, fatos e versões (Planeta), obra póstuma de Cristiana Lôbo, com Diana Fernandes. A partir das 19h, no Museu da República.
4 comentários:
●LAVA JATO ●DELAGNOL
●LULA ●SERGIO MORO
■Erros são para serem corrigidos mesmo, não importa se não foram roubos e, sim, apenas iniciativas que não podem ser tomadas e foram inadequadas.
▪Mas, olhemos para bem lá dentro da Lava Jato, para o que realmente é subtancial::
=>Quanto dinheiro! Quanto dinheiro! Erros mesmo foram os daqueles que roubaram tanto donheiro!
●Sérgio Cabral está impune!
●Lula está impune!
●Eduardo Cunha está impune!
●Joeslei Batista está impune!
●José Dirceu está impune!
●Odebrechet's estão impunes!
●Ike Batista está impune
●Leo Pinhero está impune!
●...........................................!
●...........................................!
■Os $Bilhões e $Bilhões de acertos da Lava Jato e de seus membros, especialmente Sérgio Moro e Deltan Delagnol, não corrigem eventuais erros e inadequações de nenhum deles, mesmo que não tenham sido roubo, como foram os erros daqueles que eles desmascararam e iniciaram as punições.
▪Será bem ridículo se derem alguma punição por vingança a qualquer membro da Lava Jato ao passo que, usando firulas juridicas, anularam medidas que eles mesmos ---Procuradoria, STF e outros--- por quatro anos referendaram e apoiaram e depois anularam tudo que na verdade eles mesmos haviam confirmado antes.
Vão punir os Lava Jato por vingança depois de terem deixado um monte de delinquentes poderosos impunes para continuarem a praticar o que são suas especialidades?
■Sérgio Moro, depois de cometer grandes acertos descobrindo e recuperando $Bilhôes de corrupção, cometeu o que para mim é seu grande erro, que foi se juntar eleitoralmente a Jair Bolsonaro.
▪Mas este erro quem deve punir é o eleitor. E se, ao contrário do que eu penso, o eleitor, além de não punir Sérgio Moro, fizer o contrário e premiá-lo, paciência! Eleitores costumam fazer isso!
Excelente coluna! Está mais que na hora de julgar e punir os criminosos de colarinho que atuaram no MPF e no Judiciário, promotores criminosos e politiqueiros, e juiz parcial e incompetente, péssimos exemplos de funcionários públicos CORRUPTOS. Moro não errou só ao se juntar a Bolsonaro no DESgoverno deste. Moro errou desde o início, deixando de atuar imparcialmente como é dever de todo juiz. Associou-se irregularmente à acusação, quebrando o MAIS BÁSICO PRINCÍPIO de qualquer juiz, que é sua IMPARCIALIDADE! Sempre quis fazer justiça com suas próprias mãos, o que o canalha entendia por "sua justiça"!
A punição aos canalhas da Lava Jato não é qualquer vingança, é a simples APLICAÇÃO da Justiça aos que cometeram delitos em nome dela!
Se nos apegamos a pequenos erros processuais para protegermos nossos corruptos queridos e, além disso, usarmos estes erros secundários ao processo, que já usamos para protegermos nosso picareta-líder e, insaciáveis em nossa cumplicidade com o líder picareta, presenteá-lo com a cabeça do sujeito que o desmascarou, que moral e força teremos para pedirmos punição a militares e outros presidentes corruptos?
Quem dera Bolsonaro fosse apenas corrupto!
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