O Estado de S. Paulo
Quanto maior o salto, maior a queda e, no caso de Xandão, dele e do Supremo
O mundo dá mesmo voltas e as do Brasil são, invariavelmente, estonteantes. Lula saiu do segundo governo com 80% de aprovação e PIB de 7,5%, foi parar na prisão, se reergueu e assumiu um terceiro mandato. A Lava Jato foi comemorada no País e mundo afora como exemplo de combate à corrupção, mas, quando caiu em desgraça, quem era herói virou vilão e vice-versa. De ícone, Sérgio Moro passou a réu, por pouco não perdeu o mandato. Deltan Dallagnol nem essa sorte teve. E agora, onde Alexandre de Moraes vai parar?
Ele foi decisivo na resistência a golpes,
desde que o então presidente cooptava militares e reunia multidões para atacar
instituições, e implacável com golpistas de diferentes estirpes, mentores,
interessados, financiadores, atiçadores e idiotas que se enrolaram na bandeira
para invadir e depredar as sedes dos três Poderes, enquanto o grande líder
curtia a Flórida. Aliás, o Brasil deve isso não a um só ministro, mas ao
Supremo Tribunal Federal. Apesar de erros, excessos, o viés perigosamente
político, o que seria da democracia brasileira sem ele, ou eles?
Há controvérsias e posições arraigadas contra
e a favor de Moraes, após a Folha de S.Paulo divulgar áudios em que seus
assessores pediam relatórios sobre investigações do TSE para embasar o
inquérito das fake news no Supremo. Para adversários, ele agiu fora das regras
e não foi a primeira vez. Como ao se autoconceder funções de investigador,
acusador, juiz e vítima num mesmo caso. Ou quando manteve o bolsonarista Filipe
Martins preso meio ano sob acusação de tentar fugir do País, quando não havia
provas disso.
Já para seus defensores, Moraes era
presidente do TSE, com poder de polícia, e era responsável no STF, como ainda
é, do inquérito policial sobre uso de fake news para um golpe e, nessa dupla
condição, agiu dentro das regras. Ministros do Supremo, um atrás do outro,
definem os pedidos de Moraes no e ao TSE como legítimo “compartilhamento” de
informações.
A repercussão política, porém, é drástica não
só para Moraes, mas para o próprio STF, que há anos é acusado de atuação
acintosamente política e de uma escalada de autoconcessão de poderes. Logo, a
avalanche contra ele cai sobre a mais alta Corte brasileira, ao custo de perda
de credibilidade – e de condições de enfrentar novos ataques à democracia, que
não estão totalmente fora dos horizontes.
Fragilizar o STF corresponde a fortalecer o
bolsonarismo, organizado para ampliar sua capilaridade nas capitais e
municípios neste outubro e nos governos estaduais e no Congresso em 2026. E
para subir novamente a rampa do Planalto. Para, quem sabe, tentar novamente o
golpe que não vingou em 2022.l
Um comentário:
Ave Maria!
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