quarta-feira, 29 de setembro de 2010

BB admite 5 acessos à conta de tucano

DEU EM O GLOBO

Banco diz que consultas a informações de Eduardo Jorge foram legais, mas vice do PSDB questiona duas

Roberto Maltchik e Jailton de Carvalho

BRASÍLIA. Em ofício enviado à Polícia Federal (PF), o Banco do Brasil informou que dados da conta corrente do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge Caldas Pereira, foram acessados cinco vezes, no primeiro semestre deste ano. No documento, o banco afirma, no entanto, que os acessos foram justificados e que os servidores responsáveis estavam habilitados para efetuar as operações. Apesar das justificativas do BB, Eduardo Jorge contesta dois acessos e já anunciou que vai pedir esclarecimentos adicionais ao banco.

A PF instaurou, em julho, inquérito para investigar a quebra de sigilo fiscal de aliados e familiares do candidato do PSDB à Presidência, José Serra. A apuração também contemplava a suspeita de quebra de sigilo bancário do dirigente tucano. Eduardo Jorge afirmou, em depoimento à PF, que foi confrontado por um jornalista da revista "Veja" com informações que só poderiam constar de documentos protegidos por sigilo bancário.

Dos cinco acessos identificados pelo Banco do Brasil, quatro ocorreram em Brasília e outro, em Maricá (RJ). Na capital federal, os registros de análise das informações bancárias de Eduardo Jorge são da agência Senado, onde ele tem conta.

Em Maricá, o dirigente tucano não tem conta corrente, mas é o responsável pelo inventário de um parente. Segundo informe do banco à PF, existe compatibilidade entre os acessos e as funções dos servidores. "Informamos que as funções exercidas pelos funcionários estão plenamente compatíveis com os acessos efetuados", afirma o banco no documento enviado aos investigadores.

Em Brasília, o banco afirma que três acessos ocorreram nos dias 11, 27 e 28 de janeiro. No caso, não há contestação de Eduardo Jorge. O dirigente tucano questiona, porém, o acesso feito na agência Senado em 11 de março.

Segundo o Banco do Brasil, a operação serviu para apurar movimentação atípica, conforme determina a carta circular 3.461/2009 do Banco Central, que trata de regras sobre movimentações atípicas de correntistas. A circular determina, por exemplo, a identificação de movimentação financeira superior a R$10 mil e estabelece critérios para acompanhamento das operações de pessoas "politicamente expostas".

Segundo Eduardo Jorge, o Banco do Brasil não informou quais seriam as movimentações atípicas, limitando-se a informar que houve apontamentos que demandaram análise da conta corrente.

O outro acesso contestado foi o de Maricá. O Banco do Brasil informou à PF que um servidor com função de chefia, hoje lotado em Niterói (RJ), acessou a conta corrente de Eduardo Jorge para verificar possíveis "depósitos indevidos", em 26 de março. Para o dirigente tucano, não há motivação para esse acesso.

- A resposta do Banco do Brasil reforçou que houve acessos sem motivação de minha conta corrente. Cabe à Polícia Federal investigar - afirmou o tucano.

De posse das informações do Banco do Brasil, a PF continua investigando a suspeita de quebra de sigilo bancário. No entanto, por ora, nenhuma diligência adicional foi enviada ao BB. Em nota, o Banco do Brasil repudiou "qualquer afirmação de que a conta do sr. Eduardo Jorge Caldas Pereira tenha sido acessada sem motivos profissionais". Segundo o banco, até agora "não foi identificado fato que comprove violação de sigilo".

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