terça-feira, 26 de abril de 2011

Ministro da Justiça é desafeto de Lula

A trajetória do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, é marcada por uma postura independente e ousada em relação ao seu partido. Nos anos 90, quando o PT foi alvo do caso CPEM, no qual o empresário Roberto Teixeira, amigo de Lula, foi acusado de vender serviços sem licitação a prefeituras petistas, Cardozo chancelou um relatório interno que apontava o envolvimento do ex-presidente no caso.

Na ocasião, Lula ficou bastante contrariado e tratou de dissolver a comissão, que também contava com o jurista Hélio Bicudo. No episódio do mensalão, os petistas se fecharam em copas, mas novamente Cardozo surgiu como uma das únicas vozes críticas. O preço pago pela independência foi alto. Durante os oito anos do governo Lula, o então deputado federal passou amaior parte do tempo no chamado baixo clero e nunca foi convidado a ocupar cargos em nenhum escalão. Em 2009, estava tão desanimado com a vida política que chegou a dizer que não disputaria uma nova eleição para a Câmara dos Deputados.

A grande guinada aconteceu nas eleições de 2010, a primeira do pós-Lula. Durante a campanha de Dilma Rousseff, José Eduardo Cardozo caiu nas graças da candidata e se transformou em um dos cardeais do processo eleitoral. Terminada a eleição, foi escolhido ministro da Justiça contra a vontade de Lula. Sua nomeação foi considerada no partido como o primeiro movimento de separação entre ‘criador e criatura’.

Embora o ex-presidente ainda mantenha forte influência na vida do PT, o partido já não vive sob o estigma de ser menor que seu fundador. A prova disso é o debate interno sobre o nome que vai disputar a prefeitura de São Paulo no ano que vem. Lula insiste no ministro da Educação, Fernando Haddad. Mas os dirigentes não estão dispostos a aceitar a imposição e falam em outras opções. Entre elas, o nome do próprio Cardozo.

FONTE: BRASIL ECONÔMICO

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