Deputado afirma que no próximo mês legenda vai decidir o que fazer
Mais três funcionários deixaram ontem os Transportes; líder do PR na Câmara se queixa do ritmo de demissões
Catia Seabra e Maria Clara Cabral
BRASÍLIA - O processo de demissão a "conta-gotas" nos Transportes aumentou a insatisfação do PR com o governo Dilma Rousseff. Irritada com o desgaste de sua imagem, a cúpula do PR procurou o governo e os petistas para avisar que "estão brincando com fogo".
Líderes do partido chegaram a admitir publicamente a ideia de aderir a um pedido de convocação do ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, caso seja apresentado no Congresso. Apesar de ser do PR, o partido não o queria no cargo. "Ninguém pode ser blindado neste momento", disse o líder do PR na Câmara, Lincoln Portela (MG), ao ser questionado sobre Passos.
As ameaças são feitas pelos deputados do PR que divergem da posição dos senadores do partido que, em várias declarações, consideraram a crise encerrada.
Dizendo-se incomodado com a demissão "a conta-gotas" na pasta, Portela procurou a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) para protestar, mas desabafou mesmo com o líder do PT na Câmara, Paulo Teixeira (SP).
Reclamou que mesmo as demissões dos que não foram indicados pela sigla estavam "caindo nas costas do partido". Portela se queixou do ritmo de demissões -"sangria desatada"- e afirmou que o governo estava prejudicando o PR.
Luciano Castro (PR-RR), vice-líder do governo, disse que o rito de demissão dá a entender "que o governo quer criar fatos políticos diários às custas do PR".
Segundo integrantes do PR, o ex-ministro Alfredo Nascimento ameaça fazer discurso no Senado no fim do recesso parlamentar, quando assumirá uma cadeira na Casa. Ele reclama não só de Passos, mas até de Dilma.
Na tarde de ontem, o PR ficou inconformado por não ter sido atendido por Ideli sob o argumento de que sua agenda estava lotada. Entre as audiências da ministra estava uma com o presidente do PSDB, Sérgio Guerra (PE).
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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