O presidente brasileiro abre as assembleias gerais da ONU todos os anos, e Dilma Rousseff é a primeira presidente mulher do Brasil. Logo, ela será a primeira mulher a abrir a Assembleia Geral da ONU.
Essa equação, basicamente burocrática, tem um resultado bastante político: a chance de Dilma estrear triunfalmente no palco internacional, nesta semana, em Nova York.
Ela vai capitalizar ao máximo a condição de mulher que lutou e sofreu pela democracia, enfrentou e venceu um câncer e foi eleita por um dos maiores eleitorados do mundo para presidir um país que ganha cada vez mais peso no cenário internacional.
Vai ter encontros bilaterais com os alguns dos principais líderes do planeta: Obama, dos EUA, Sarkozy, da França, e Cameron, do Reino Unido. E vai a reuniões paralelas sobre transparência governamental, segurança nuclear e combate ao câncer e à diabete. Além de receber dois prêmios, um de líder política, outro na área de saúde.
Se dependesse apenas do Itamaraty, Dilma faria um discurso frio, contido, correto, mas não combina com seu estilo. Assim, ela consultou as notas e sugestões enviadas pelo chanceler Patriota e encomendou acréscimos à Fazenda e à Saúde, para apimentar o conteúdo.
Em resumo, vai ratificar o apoio ao Estado Palestino num momento crucial, cobrar maior equilíbrio no mundo e maior responsabilidade dos países ricos, fazendo propaganda do modelo brasileiro, ou "lulista", baseado em paz, desenvolvimento e inclusão social. Enquanto o Brasil inclui aos milhões, os EUA, a Grécia, a Espanha... excluem também aos milhões. Os miseráveis batem recorde nos EUA.
Quase sempre, o discurso vira manchete na imprensa brasileira e passa em branco na internacional. Mas Dilma não vai falar para jornalistas nem para o público em geral e sim para centenas de líderes mundiais que a estarão ouvindo ao vivo, em cores. Boa sorte!
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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