Antes da eleição, peemedebista terá que conter disputa interna pela liderança do partido, comandada por Eduardo Cunha
BRASÍLIA - Na Câmara, o deputado Henrique Eduardo Alves considera que pode chegar à eleição com o apoio de cerca de 430 deputados. Isso se todos os partidos com quem fechou votarem em peso em seu nome, inclusive o PT, que prometeu honrar o acordo de não lançar candidato. Henrique Alves passará janeiro viajando em busca de votos.
Mas a sua "eleição fácil" pode ser atropelada por um problema interno delicado, que ele precisa resolver antes de fevereiro: a disputa fratricida entre cinco deputados pelo seu cargo atual, o de líder do partido, liderada por Eduardo Cunha (RJ).
O problema é que nem Planalto nem PT veem com bons olhos a ida de Cunha, desafeto de Dilma e aliado de Henrique Alves, para a liderança. Estão na disputa pela liderança, além de Cunha, os deputados Danilo Fortes (CE), Osmar Terra (RS), Saraiva Felipe (MG) e Sandro Mabel (GO).
A disputa já provocou uma rachadura na relação de Henrique Alves com Cunha. O líder do PMDB teve uma conversa dura com o amigo, dizendo que não tem como bancar sua ida para a liderança — o que pode prejudicar sua eleição.
— Acho que vai afunilar para os nomes de Cunha, Osmar Terra e Sandro Mabel. Mas não vou interferir. Quem tiver mais capacidade de aglutinar será escolhido pela bancada — diz Henrique.
Cunha disse que não pediu apoio de Henrique, apenas isenção: que não trabalhe a favor ou contra. No PMDB, Henrique ainda enfrenta a vice-presidente Rose de Freitas (PMDB-ES), que tenta se viabilizar como alternativa a ele no partido.
Do outro lado, o deputado Júlio Delgado, do PSB, garante que tem como levar a disputa para o segundo turno. Delgado diz que seria "perigosíssimo" Dilma ficar refém de Renan, Henrique e Cunha.
As relações de Henrique com a presidente Dilma se esgarçaram quando ele se juntou ao grupo ruralista na votação do Código Florestal. Mas a situação ficou mais crítica quando ele desafiou a presidente a demitir seu afilhado político, Elias Fernandes, da diretoria-geral do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs).
Em entrevista ao jornal "Folha de S.Paulo" Henrique chegou a menosprezar a possibilidade de Dilma enfrentar "o maior partido do Brasil" e exonerar seu apadrinhado. "O governo vai brigar com metade da República, com o maior partido do Brasil? Que tem o vice-presidente, 80 deputados, 20 senadores? Vai brigar por causa disso? Por que faria isso?" disse Henrique. •
Fonte: O Globo
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