Claudia Safatle
BRASÍLIA - O governo está preocupado com a inflação, que só sobe, mas avalia que há atenuantes. A variação do IPCA pode chegar próxima ao teto da banda, de 6,5%, até o fim do primeiro trimestre mas, depois, vai começar a ceder, argumentam fontes oficiais.
Essas fontes alegam que a redução da conta de energia elétrica não será neutralizada pelo uso das usinas termelétricas - mais cara; que o preço da carne no mercado doméstico cai por causa do embargo às importações; e que o impacto do reajuste do salário mínimo este ano será menor. Associa-se a isso os efeitos esperados das desonerações de impostos em vários setores, que seriam repassadas para os preços, e a boa colheita da safra de grãos.
Não há perspectiva de deixar as usinas térmicas ligadas durante todo este ano. Espera-se que seja necessário manter a oferta dessa energia até abril, maio, não mais do que isso. E os impactos mais substantivos do uso da energia mais cara só ocorrerão em 2014. Para este ano, portanto, o governo continua contabilizando uma contribuição de pelo menos 0,5 ponto percentual no IPCA a título de redução da conta de luz.
Estaria ocorrendo, agora, um processo semelhante ao de 2011, quando o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, previu que a inflação cresceria até meados do segundo semestre daquele ano, furaria o teto da banda, mas depois iniciaria uma trajetória de queda até convergir para o centro da meta.
Em setembro de 2011 o IPCA ultrapassou o teto, chegando a 7,31%, e daí em diante começou a ceder até chegar a 4,92% em junho de 2012. Um novo choque de commodities, no entanto, abortou a continuação da queda e o IPCA voltou a subir.
Se a inflação ameaçar fugir da meta, o Banco Central aumentaria a taxa Selic dos atuais 7,25%? Essa é uma pergunta que está na cabeça de vários analistas e operadores do mercado.
Tombini já deu resposta a essa questão nas diversas vezes em que disse que os ciclos monetários não foram abolidos, referindo-se, com isso, ao fato de que os juros sobem ou caem conforme os ciclos da economia. Ou seja, o BC não está amarrado a taxa de 7,25%. Mas ainda assim, dúvidas permanecem.
Fonte: Valor Econômico
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