sábado, 18 de janeiro de 2014

Dilma repete 2011 e volta a prometer investimentos em transporte para BH

Em agosto do ano passado ela também voltou a fazer a mesma promessa em entrevista para duas emissoras de rádio da cidade

Prefeito Marcio Lacerda (PSB) diz que metrô está obsoleto

Ezequiel Fagundes

BELO HORIZONTE - Em sua primeira viagem do ano e primeira aparição pública desde que voltou da folga de fim de ano, a pré-candidata à reeleição presidente Dilma Rousseff anunciou nesta sexta-feira, em Belo Horizonte, um pacote de investimentos para a área de mobilidade urbana da capital mineira. Entre as medidas, Dilma voltou a prometer pesados investimentos na expansão do metrô, uma das principais reivindicações da população e alvo de duras críticas do presidenciável Aécio Neves (PSDB) e de seus aliados. Desde o primeiro ano de governo a presidente anuncia investimentos para o metrô da cidade. As promessas, no entanto, nunca saíram do papel.

Durante o anúncio das obras, cujo prazo para início e conclusão não foi citado, a petista garantiu investimentos de R$ 2,55 bilhões para o setor. Dilma dividiu espaço com aliados e adversários, entre eles o ministro Fernando Pimentel, que tentará levar o PT pela primeira vez ao Palácio da Liberdade, e o governador Antonio Anastasia, anunciado como coordenador do plano de governo de Aécio.

— Conto com o senhor governador para que essas obras - sempre digo que nosso maior desafio é prazo — sejam feitas o mais rápido possível — discursou a presidente para uma plateia de cerca de 500 convidados, formada em boa parte pela claque do ministro Pimentel e de deputados, prefeitos e vereadores, que encheram parte do galpão de festas no centro da capital.

De acordo com a presidente, metade do valor virá dos cofres da União e a outra, de financiamentos com até 30 anos. Do total dos recursos, R$ 2 bilhões vão para a construção de duas linhas do metrô, em parceria com o governo estadual e prefeitura. Outros R$ 550 milhões são para a conclusão de obras de mobilidade que já estão em andamento, como o projeto do ônibus sobre trilho, reforma de viadutos, corredores exclusivos de coletivos e construção de ciclovias.

Promessas ainda no papel
Em 2011, ela declarou, durante visita nas obras do estádio do Mineirão, que R$ 3,1 bilhões seriam destinados para a obra. Em agosto do ano passado, logo após a onda de manifestações pelo país, voltou a fazer a mesma promessa em entrevista para duas emissoras de rádio da cidade.

Antes, porém, em julho a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, passou dois dias recebendo propostas de formas de agilizar obras em andamento e apresentar novos projetos nessa área.Foram recebidos pela ministra representantes de seis estados, entre eles Minas Gerais. A maioria dos pedidos encaminhados foram para investimentos em metrôs, corredores de ônibus e em BRTs. Durante o evento desta sexta-feira, a presidente realçou que o governo federal já investiu R$ 5,4 bilhões em Minas só com obras de mobilidade.

Em junho, reportagem do GLOBO mostrou que segundo dados da Controladoria Geral da União, havia sido gasto apenas R$ 1,4 bilhão — menos de 16% — dos R$ 8,8 bilhões previstos para os 57 projetos projetos mantidos na matriz da Copa do Mundo, muitos dos quais não ficarão prontos a tempo de receber turistas daqui a um ano.

Ainda no palanque, Dilma anunciou outros R$ 103 milhões em verbas para a pavimentação de trechos de estradas na região do Triângulo Mineiro que, segundo ela, vão auxiliar para o escoamento da produção da região. Sobre a duplicação da BR-381, a chamada rodovia morte, que liga a capital ao Vale do Aço, a presidente não deu grandes esperanças. Declarou que é uma obra de responsabilidade do Dnit.

No discurso, o governador Anastasia e o prefeito Marcio Lacerda (PSB-MG) agradeceram os anúncios de investimentos. Os dois até realçaram as “parcerias republicanas” entre os três entes federados, mas em certos momentos, mesmo em tom ameno, fizeram cobranças. O tucano cobrou uma maior presença da federação no cotidiano das pessoas e lembrou que os governos precisam dar as mãos para superar grandes desafios como o da mobilidade urbana. O prefeito destacou que o metrô de Belo Horizonte está obsoleto e que a maior fatia dos recursos está nas mãos da União.

À tarde, em Brasília, a presidente terá audiência com o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Fernando Pimentel. Pimentel é um dos ministros que deixarão o governo para disputar as eleições de outubro. Ele deverá concorrer a governador de Minas.

Oposição fala em anúncio ‘requentado’
Após o evento, aliados do senador Aécio Neves concederam entrevista na sede do PSDB, em BH, e não pouparam críticas a presidente Dilma Rousseff (PT). Porta voz dos presentes, o deputado estadual Lafayette Andrada (PSDB) disse que o intuito do encontro é demonstrar o “inconformismo” e “repúdio” dos mineiros, sobretudo, dos belohorizontinos contra os “anúncios requentados” da presidente Dilma.

— O ex-presidente Lula, durante o governo dele, já tinha anunciado. Agora vem a presidente Dilma e anuncia o que ela já havia prometido desde a campanha e nos primeiros anos de governo. O fato é que o metrô não saiu do papel até hoje. E essa quantidade de promessas, sem apontar datas, demonstra falta de seriedade. Minas está cansada de receber a candidata Dilma Rousseff. Queremos receber a presidente Dilma, vindo para assinar e inaugurar grande obras — atacou.

Durante o evento do governo federal, o governador Antonio Anastasia (PSDB) destacou a importância de uma federação forte. Segundo ele, isso garantiria a prestação de serviços melhores para a população. Como de costume, Anastasia evitou críticas direcionadas ao atual governo.

— A Federação ainda não está presente na consciência coletiva das pessoas. Não sabemos bem lidar com isso, ao contrário de outras nações que já se desenvolveram mais. E o resultado foi que, para dar solução aos problemas brasileiros tão complexos, se lança, no Brasil, o chamado federalismo de cooperação, que é, na prática, o que existe no Brasil, ao contrário de outros modelos federais como o norte-americano, como o alemão, como o australiano e o canadense, onde as separações de competência são rígidas e nítidas. No Brasil é o contrário, elas ficam um pouco embaraçadas — afirmou.

Fonte: O Globo

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