• Aécio Neves promete mobilizar o Congresso para barrar medidas do governo
Cristiane Jungblut – O Globo
BRASÍLIA - A oposição fez duras críticas à presidente Dilma Rousseff e avisou nesta terça-feira que vai tentar derrubar o veto à correção de 6,5% do Imposto de Renda. O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), disse que os brasileiros têm sido a "grande vítima da incompetência e das contradições do governo do PT", ao criticar o veto da presidente Dilma Rousseff à correção do IR em 6,5%.
Por meio de nota, Aécio disse que a presidente está "traindo" os compromissos assumidos durante a campanha eleitoral, ao aumentar impostos e cortar direitos trabalhistas. Para o tucano, ao não corrigir a tabela pela inflação de 2014, estará havendo, na prática, aumento do imposto a ser pago. Candidato do PSDB nas eleições de outubro, o tucano foi derrotado por Dilma em outubro.
Ele disse que a oposição vai "se mobilizar no Congresso para impedir que medidas que penalizam parcelas expressivas da população, em especial o trabalhador brasileiro, sejam implantadas".
Em seguida, o senador ressaltou que a presidente tinha outra postura durante a campanha eleitoral.
"A presidente Dilma inicia o seu novo mandato cortando direitos trabalhistas e aumentando impostos. Com isso, trai os compromissos assumidos com a população durante a campanha eleitoral. Hoje, a presidente vetou o reajuste de 6,5% da tabela do Imposto de Renda para Pessoa Física (IRPF) que havia sido aprovada no Congresso Nacional com o objetivo de garantir a correção da tabela pela inflação. Na prática, isso significa que o governo está aumentando o imposto de renda a ser pago pelos brasileiros. O brasileiro tem sido a grande vítima da incompetência e das contradições do governo do PT", diz Aécio, na nota.
Autor da emenda que incluiu na MP 656 a proposta de correção, o líder do DEM na Câmara, deputado Mendonça Filho (PE), disse que Dilma está penalizando a classe média e o trabalhador.
A oposição vai atuar em duas frentes: tentar derrubar o veto presidencial e reapresentar a emenda prevendo a correção de 6,5%, a ser incluída em eventual medida provisória que a presidente prometeu encaminhar ao Congresso com uma correção de 4,5% na tabela do IR.
Mendonça disse que vai cobrar do presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), que o veto seja apreciado em votação nominal e pelo painel eletrônico e não em cédulas de papel papel, para que a posição de cada parlamentar fique explícita. Para ele, o aumento de impostos, dentro do pacote anunciado anteontem, também afetam principalmente as classes média e baixa da população.
— O governo está tentando conseguir qualquer receita extra, mesmo que seja arrochando a classe média e o trabalhador. O presidente Renan se comprometeu a fazer a votação desse veto em votação no painel e vou cobrar isso. É um desrespeito ao trabalhador, é um desrespeito ao Congresso Nacional que decidiu ajustar a tabela à real situação do país. Vamos trabalhar para derrubar o veto e provar mais uma vez a independência do nosso Parlamento — disse Mendonça.
No Senado, o líder do PSDB na Casa, senador Aloysio Nunes Ferreira (SP), disse que a medida é antipopular.
— Vamos trabalhar para derrubar o veto. É mais uma medida contra o trabalhador, uma medida antipopular, um confisco — disse Aloysio.
Na mesma linha, o líder do PSDB, deputado Antonio Imbassahy (BA), criticou o veto da presidente.
“Ela (Dilma) bem que avisou que faria o diabo. Não só o fez com uma campanha eleitoral baseada em mentiras, como está fazendo mais do que o diabo faria sentada na cadeira do Palácio do Planalto. Ao colocar em prática o que disse que não faria, no caso dos tributos, e vetar o que se comprometeu a fazer - reajustar a tabela do Imposto de Renda, a presidente mentiu e traiu os brasileiros”, disse Imbassahy por meio de nota.
— Contra este estelionato de Dilma, já que está fazendo o contrário daquilo que prometeu na campanha eleitoral, defendemos que o Congresso se reúna imediatamente após o recesso para derrubar este veto. Paralelamente, vamos apresentar emenda para restituir na nova MP aquilo que a presidente e a equipe da maldade retiraram do trabalhador brasileiro — acrescentou o líder do PPS na Câmara, deputado disse Rubens Bueno (PR).
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