terça-feira, 2 de maio de 2017

Le Pen reduz diferença na França, mas Macron é favorito

Vantagem do candidato europeísta para eleição de domingo cai a 18 pontos, nível mais baixo na campanha do segundo turno, conforme 2 pesquisas

Andrei Netto | O Estado de S.Paulo

PARIS - A cinco dias do segundo turno da eleição presidencial na França, a diferença entre o candidato social-liberal Emmanuel Macron (En Marche!, centro-esquerda) e a nacionalista Marine Le Pen (Frente Nacional, extrema direita) caiu a seu mais baixo nível, mas ainda é expressiva. Duas pesquisas de opinião, dos institutos Ipsos e Kantar-Sofres, indicam que a dianteira do vencedor do primeiro turno caiu dois pontos, e é agora de 59% a 41%.

A redução da dianteira de Macron aconteceu no fim de semana em que Le Pen obteve seu primeiro apoio importante para o segundo turno, o do candidato nacionalista Nicolas Dupont-Aignan (Debout la France, direita), sexto lugar no primeiro turno, quando obteve 4,7% dos votos. Segundo o instituto Kantar-Sofres, Macron se beneficia de uma boa transferência de votos do socialista Benoit Hamon (73%), do radical de esquerda Jean-Luc Mélenchon (52%) e do conservador François Fillon (49%), enquanto Le Pen recebe apenas 41% dos votos concedidos a Dupont-Aignan.

Le Pen e Macron realizaram comícios e trocaram acusações nesta segunda-feira, 1.º, em dia de protestos violentos de black blocs em Paris. Em nova tentativa de adaptar seu programa para tentar chegar ao domingo com chances de vitória, a ultradireitista prometeu submeter a saída do país da zona do euro – a região da moeda única europeia – a um plebiscito. Essa é a segunda reviravolta de seu programa, depois de ter prometido convocar outro plebiscito para definir a permanência ou o rompimento da França em relação à União Europeia. “Será o povo que decidirá”, afirmou aos militantes reunidos no centro de convenções de Villepinte, região metropolitana de Paris.

Em seu comício, realizado em uma sala com mais da metade dos assentos vazios – a candidata reuniu apenas 5% dos votos dos parisienses no primeiro turno –, Le Pen voltou a imprimir um discurso agressivo contra Macron, acusando o ex-ministro da Economia de ser o candidato do atual presidente, o socialista François Hollande. “Sua filosofia é em marcha, em direção a mais precariedade, mais ‘uberização’, livre-comércio e desregulamentação de todas as profissões.”

Horas depois, em comício no norte de Paris, Macron respondeu. “Le Pen é a herdeira de um nome, de um partido e de um sistema”, provocou, ironizando a rival, que se apresenta como antissistema. “A Frente Nacional não mudou: ela carrega o ódio, a divisão. É um projeto que enfraquece o país.”

Confrontos. Enquanto os candidatos seguiam em busca de votos, grupos de black blocs e policiais da tropa de choque se enfrentavam em Paris às margens dos protestos pelo Dia do Trabalho. Os choques aconteceram durante a tradicional manifestação de sindicatos, que nesse ano foi realizada entre a Praça da República e a Praça da Nação, no nordeste da capital.

Com lemas como “Nem Le Pen, nem Macron”, “Nem pátria, nem patrão” e “Um tijolo na urna”, os jovens se posicionaram no início dos desfiles dos sindicatos, atirando coquetéis molotov contra policiais, que responderam com bombas de gás lacrimogêneo. Segundo balanço do Ministério do Interior, seis policiais ficaram feridos, um deles com gravidade, durante os confrontos.

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