- Folha de S. Paulo
Não há brecha para garrancho na caneta de Bolsonaro
Os ministros do governo Bolsonaro estão apavorados, segundo palavras do próprio presidente. Começa a bater o desespero na Esplanada com a falta de dinheiro.
Enquanto isso, servidores públicos da Receita e da Polícia Federal reagem aos movimentos de interferência do chefe da República em postos estratégicos dos dois órgãos.
Em mensagem aos colegas, o delegado de alfândega do Porto de Itaguaí (RJ), José Alex Nóbrega de Oliveira, um dos alvos da pressão palaciana, afirmou que “existem forças externas que não coadunam com os objetivos de fiscalização” da Receita.
O presidente da ADPF (Associação Nacional de Delegados de Polícia Federal), Edvandir Felix de Paiva, declarou que Bolsonaro expõe a PF ao descrédito quando mete o dedo na nomeação de superintendentes.
No Congresso, diante do atropelo por parte do presidente, parlamentares articulam acelerar a PEC que dá autonomia administrativa à polícia vinculada hoje ao Ministério da Justiça, sob as ordens de Sergio Moro.
Um parecer de consultores do Senado afirma que a nomeação do deputado Eduardo Bolsonaro pelo pai para ser o embaixador do Brasil nos EUA seria uma prática de nepotismo.
O presidente tem postergado a oficialização da indicação do filho para Washington até que tenha uma certeza de que não passará o vexame da derrota no plenário do Senado.
Hoje, a aposta entre senadores é a de que a escolha tem mais chances de passar do que ser negada. No entanto, o fantasma do fracasso emite sinais em meio ao clima de desgaste contaminado por episódios recentes fabricados pelo próprio Bolsonaro.
Ele disse que não será um presidente “banana”. “Quem manda sou eu”, declarou sobre as trocas na PF.
Pouco depois, amenizou o tom. Provavelmente terá de segurar também seu ímpeto sobre a Receita. Vai precisar baixar a bola para emplacar o filho nos EUA e agir para evitar um apagão danoso nas contas do país.
A reação das instituições é importante para frear a caneta presidencial, sem brecha para garranchos.
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