No
Brasil da barbárie, o chique é falar palavrões, desprezar a cultura, reduzir os
complexos problemas nacionais a frases marcadas pelo senso comum
O
obtuso que ocupa a chefia do Executivo federal é o seu representante. Mais
ainda: é a sua mais perfeita tradução. Governa o Brasil como se ainda fosse um
deputado do baixo clero e com relações perigosíssimas com o mundo da
marginalidade. O presidente despreza a ciência, pois é mais fácil ser
negacionista sobre qualquer tema. Tem enorme dificuldade de exercer a função
presidencial, suas atribuições e responsabilidades. Transformou o Palácio do
Planalto numa extensão do seu antigo (e patético) gabinete da Câmara dos
Deputados — por onde passou por 28 anos sem deixar nenhuma contribuição ao
país. Nunca entendeu a função do Estado. Repete ladainhas pseudo-liberais sem
ter a mínima ideia dos seus significados. Stuart Mill, para ele, caso um dia
cometesse o desatino da leitura, seria certamente tachado de comunista. Para
esconder a ignorância usa da violência e dos instrumentos do aparelho de
Estado. Apesar de desprezar a Constituição, a todo o momento faz uso da Carta
Magna para coagir adversários políticos e preparar, se necessário, um golpe de
Estado. Tem nos nazistas bons professores. Basta recordar a utilização que
fizeram da Constituição de Weimar para chegar ao poder e, posteriormente,
destruí-la e impor a ditadura.
A sociedade civil, até o momento, não conseguiu reagir à altura. Há também uma enorme carência de lideranças políticas. Hoje, o importante é, a qualquer preço, agradar o parvo que ocupa a cadeira que um dia foi de Juscelino Kubitschek. Mas — e isto vale uma tese — o mandrião prefere ter um círculo íntimo, uma caterva, da sua confiança, desprezando os rastaqueras que tudo fazem para agradá-lo. E la nave va.
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