Folha de S. Paulo
Não há risco de o oxigênio da Terra acabar,
mas água e comida são uma preocupação em relação à distribuição
"How the World Really Works",
de Vaclav Smil, pode ser descrito como um destruidor de mitos. Valendo-se
da boa e velha aritmética e de valiosos esclarecimentos sobre como suprimos
nossas necessidades básicas, o autor traça um panorama realista dos desafios
que temos pela frente.
Mudança climática, poluição e superexploração de recursos naturais são problemas graves, que cobram ações de todos nós, mas é precipitado afirmar que o fim do planeta ou da civilização esteja próximo. Não há risco, por exemplo, de o oxigênio da Terra acabar, como já sugeriu um presidente. Já água e comida são uma preocupação, mas não em relação à produção e sim à distribuição. Temos esses dois recursos em quantidades suficientes, mas os gerenciamos muito mal. Um terço dos alimentos produzidos estraga sem ser consumido.
O aquecimento global é uma realidade e vai
ser difícil limitá-lo aos 2°C. O problema é que somos uma civilização de combustíveis fósseis e livrar-nos deles é uma tarefa de
séculos, não de anos nem de décadas. Nós provavelmente avançaremos de forma
rápida para tecnologias sustentáveis na produção de eletricidade e transportes,
mas isso é só parte da conta.
Os fertilizantes, indispensáveis para
alimentar os 8 bilhões de humanos que habitam o planeta, e aço, cimento e
plásticos, que dão a base material para nossa civilização, encapsulam enormes
quantidades de carbono. E, se quisermos ser minimamente justos, isto é,
estender aos bilhões de terrestres que ainda vivem na pobreza níveis de
conforto semelhantes aos experimentados pelos habitantes de países ricos, então
precisaremos produzir muito mais. Ao contrário da eletricidade, não há à vista
nenhuma tecnologia sustentável para substituí-los.
E, como lembra Smil, contrapondo-se aos defensores de soluções mirabolantes, é da Terra que precisamos cuidar; nenhuma das pessoas que está lendo estas linhas vai se mudar para Marte.
Um comentário:
E eu até acredito na transmigração planetária,mas é pós-desencarne,rs.
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