Folha de S. Paulo
Tecnologia poderia ampliar a participação de
alunos em assembleias que decidem greves
A USP está em greve.
A paralisação, desta vez, foi deflagrada pelos alunos, que se queixam, com
razão, da falta de
professores. Só que a reitoria e
as faculdades concordam com o diagnóstico e estão fazendo concursos para
preencher as vagas abertas. O processo não ocorre no ritmo desejado, mas será
que esse descompasso temporal justifica a greve?
Eu penso que não, mas esse é um território em que cada um é livre para ter sua
própria opinião.
E isso nos leva ao problema das assembleias que decidem as greves, mais
especificamente de sua baixa representatividade. Desde os tempos em que eu era
aluno, algumas décadas atrás, a militância estudantil se aproveita de uma
assimetria das disposições. Quem é contra a paralisação, contingente que pode
até ser majoritário, dificilmente comparece à assembleia, o que abre espaço
para que a coorte mais politizada dos alunos imponha suas preferências.
Ao menos em teoria, uma decisão democrática
deveria levar em conta as vontades do maior número possível dos membros do
grupo, não só as daqueles dispostos a enfrentar assembleias que podem ser
bastante aborrecidas e até frustrantes. Uma solução clássica para esse tipo de
dilema social é estabelecer um quórum mínimo de participação para que a
assembleia tenha caráter deliberativo. O risco aí é cair numa espécie de
inércia do imobilismo. Decisões relevantes não seriam tomadas porque a maioria
tem preguiça de comparecer aos conciliábulos.
Creio que hoje já é possível dar uma resposta
tecnológica para o problema. Não me parece difícil desenvolver um programa que
permita a qualquer membro oficial do grupo expressar sua opinião por via digital.
A convocação de uma assembleia já viria com os itens que serão votados e o
prazo para fazê-lo online.
A dificuldade para que se adote um sistema
desses é a resistência dos grupos organizados do movimento estudantil, que
veriam sua hegemonia ameaçada.
2 comentários:
discordo totalmente. A proposta dele elegeu Bolsonaro.
MAM
...
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