O Estado de S. Paulo
Democratas buscam alguém capaz de transmitir a vitalidade que Biden já não tem
A eleição americana está nas mãos dos
democratas. A convenção republicana provou que a tentativa de assassinato não
tornou Donald Trump menos tóxico. A compulsão por mentir e incitar o ódio segue
intacta. Só Joe Biden se equipara a Trump em rejeição. Sua saída da disputa
daria chance aos democratas de manter o poder.
Biden já chegou a essa conclusão. Sua desistência depende de encontrarem alguém capaz de derrotar Trump e ajudar os democratas a conquistar maioria no Congresso. Não faltam nomes. Kamala Harris é a candidata mais forte. Sua posição de vice simplificaria a troca, facilitando a transferência de doações de campanha e dos votos das primárias. Em pesquisa da CNN, ela reuniu 45% das intenções de votos, encostada em Trump, com 47%. Já Biden perderia por 43% a 49%.
Uma opção fora da chapa Biden-Harris seria
outra mulher forte, a governadora de Michigan, Gretchen Whitmer. Ao se reeleger
em 2020, ela arrastou votos para garantir a maioria democrata na Câmara e no
Senado estaduais. Whitmer foi um ícone na pandemia. Na pesquisa CNN, ela
aparece com 42%, ante 47% para Trump.
Ainda mais decisiva na eleição é a
Pensilvânia, cujo governador, Josh Shapiro, também surge como possível
substituto de Biden. Ex-procurador-geral do Estado, Shapiro tem 64% de
aprovação, em contraste com apenas 41% de intenções de voto de Biden na Pensilvânia.
Um problema para a esquerda democrata é que o governador, judeu, apoia Israel.
Há ainda os governadores da Califórnia, Gavin
Newson, e de Illinois, J.B. Pritzker. Na pesquisa CNN, Newson tem 43%, ante 48%
para Trump. A Califórnia tem o maior eleitorado do país, mas uma candidatura de
Newson não agregaria no colégio eleitoral, por ser já garantida a vitória de
Biden no Estado.
AÇÕES. Herdeiro do grupo hoteleiro Hyatt,
Pritzker tem fortuna estimada em US$ 3,5 bilhões, e investiu um décimo disso em
suas duas campanhas para o governo de Illinois. Bilionário como Trump, ele é
também um de seus críticos mais agressivos. A sondagem o coloca três pontos
atrás de Trump, 43% a 46%.
Pesquisa da rede CBS indica que Trump ampliou
a vantagem sobre Biden depois do atentado, mas os números mostram também que
25% não desejam votar nem em Trump nem em Biden – o maior índice de
“double-haters” desde 1988.
O discurso de Trump na convenção foi redigido
para pregar união. Aos 20 minutos de texto escrito, ele acrescentou 71 de
improviso, com o conteúdo raivoso e mentiroso de sempre. A convenção consumou a
submissão do partido à adoração de Trump, o que frustra os eleitores moderados.
Diante de tudo isso, o resultado depende de os democratas apresentarem alguém capaz de transmitir a coerência que falta a Trump e a vitalidade que Biden já não tem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário