O Estado de S. Paulo
Com atraso, Dino agiu contra emendas Pix. Os Imperadores do Congresso não gostaram
Flávio Dino decidiu – com atraso – tomar
providências contra o orçamento secreto e seu mais sofisticado desenvolvimento,
a emenda Pix. Os imperadores do Congresso não gostaram. O poder anômalo de
Arthur Lira, Davi Alcolumbre e seus elmares deriva da forma opaca e autoritária
como dispõem de fundos orçamentários.
Natural que reagissem. Em várias frentes.
Numa delas, o presidente da Comissão Mista de Orçamento, Júlio Arcoverde,
informou que não votará a Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2025 neste agosto.
Só depois das eleições. Arcoverde é do PP do Piauí. É Lira e Ciro Nogueira.
O governo tem de enviar a proposta de Lei Orçamentária até 31 de agosto. Tudo o mais constante o fará sem as balizas da LDO. Não se trata apenas de retaliação a Lula – que os donos do Parlamento consideram manobrar por meio de Dino. Retalia-se a constituição do Orçamento da União, donde o planejamento estatal, de modo a ganhar tempo; para que se possa formular-negociar de que maneira será novamente burlada uma determinação do Supremo sobre o orçamento secreto.
O Congresso não abrirá mão do controle dos
dinheiros. A vir nova superfície para abrigar o dínamo. Na melhor hipótese para
o Lirão, cria-se a já aventada emenda dos líderes de bancada – a ser o paraíso
dos proprietários de partidos, o estado da arte para a engenharia de
apropriação patrimonialista de fundos orçamentários contra a eficiência nos
gastos públicos e a igualdade em disputas eleitorais. Na pior, deposita-se boa
parte dos bilhões sob as emendas individuais e se estabelece o tal calendário
para amarrar os pagamentos ao relógio paroquial da vereança federal.
O sindicalista Arcoverde é transparente: “Não
se pode perder nenhum direito adquirido de nenhum parlamentar em relação às
emendas”. Direito adquirido, minha gente! O deputado tratando o assalto a uma
penca de princípios constitucionais como se garantia definitivamente
incorporada ao patrimônio político dos parlamentares; como se o ministro Dino
lhes tivesse confiscado a poupança-previdência.
E não é? Mais: “Transparência dá até para
discutir sempre”.
A concessão que nos faz, disposto a admitir
alguma transparência, decerto crente na existência de meia transparência. Quem
sabe aceite dar objeto às emendas Pix? Pai Lira já deu a letra.
A letra do senador Ângelo Coronel,
relator-geral do próximo Orçamento e guerreiro do povo legislador: “Conquistas
terminam virando cláusulas pétreas”. O ousado trata como cláusula pétrea aquilo
que um advento inconstitucional assegura. “Só se perde sob lança nas costas ou
sob tortura.” Às armas, cidadãos! Uma jornada mesmo épica. Marchons! Marchons!
Nenhum comentário:
Postar um comentário