quinta-feira, 1 de agosto de 2024

Guga Chacra - Não adianta Israel decapitar o Hamas

O Globo

Ação militar para matar Ismail Haniyeh certamente enfraquece o grupo no curto prazo, mas haverá um sucessor

Duas décadas atrás, em março de 2004, Israel matou o xeque Ahmad Yassin, fundador e líder espiritual do Hamas. Menos de um mês mais tarde, outra ação israelense no mesmo território matou Abdel Aziz al-Rantissi, líder da organização palestina. Era o que se denominava na época “ataque seletivo”. O objetivo era decapitar o comando do grupo durante a Segunda Intifada. Um fracasso. Três anos mais tarde, em uma breve guerra civil contra o Fatah, o Hamas assumia o controle de Gaza.

ação militar de Israel para matar Ismail Haniyeh, líder do Hamas, certamente enfraquece o grupo no curto prazo, mas haverá um sucessor. Inclusive, a organização sempre teve um processo sucessório. Até pouco tempo, o líder era Khaled Meshal, que talvez volte ao cargo. Muito cedo para sabermos. Inclusive, desde o atentado de 7 de outubro, o líder de facto é Yahya Sinwar, comandante militar do grupo em Gaza e arquiteto do ato terrorista.

Haniyeh, no entanto, tinha o peso de ser a principal figura política do Hamas, com livre circulação por países como a Turquia, integrante da Otan, o Catar, onde fica a mais importante base aérea americana no Oriente Médio, e o Egito, aliado de Israel. Era Haniyeh quem negociava o acordo de cessar-fogo e libertação de reféns em troca de prisioneiros palestinos nas prisões israelenses. Sem ele, sem dúvida, as negociações ficam mais difíceis, embora autoridades do grupo já tenham dito que não romperão o diálogo. No final, será de Sinwar a decisão final pelo lado do Hamas. O premier Benjamin Netanyahu, por sua vez, possui seu próprio cálculo que leva em conta, de um lado, a pressão contra o acordo de radicais do seu governo, e, de outro, dos parentes dos reféns e dos EUA para que haja o acordo.

A ação de Israel nesta quarta-feira faz parte de um histórico do país de se vingar de inimigos, assim como os EUA fizeram com Osama Bin Laden e outros líderes da al-Qaeda, do Estado Islâmico e mesmo das Guardas Revolucionárias do Irã. Haniyeh liderava uma organização que cometeu o maior atentado da História de Israel, além de dezenas de outros atos terroristas desde o início dos anos 1990. Ele sabia que poderia ser alvejado a qualquer momento pelos israelenses. Ao mesmo tempo, deve-se perguntar se existe alguma estratégia do governo de Netanyahu com essa ação, já que o Hamas não acabará sem Haniyeh.

A escolha para realizar a ação militar no Irã segue uma certa lógica porque os riscos diplomáticos para Israel seriam enormes. A Turquia integra a Otan, o Catar possui base aérea dos EUA e o Egito é aliado dos israelenses. Sobraria apenas o território iraniano dos lugares por onde circulava Haniyeh. Isso aumenta o risco de uma guerra regional, mas o regime de Teerã já indicou meses atrás, depois de membros das Guardas Revolucionárias serem mortos na embaixada iraniana em Damasco, não estar disposto a um grande conflito contra os israelenses ao menos neste momento. Realizou na época uma resposta calibrada para evitar escalada militar. Israel seguiu na mesma linha em sua tréplica.

O Hezbollah, por sua vez, vive a sua própria dinâmica no conflito contra Israel. O assassinato do líder do Hamas acirra os ânimos ainda mais depois do bombardeio no sul de Beirute, que foi uma resposta a ação atribuída ao grupo que matou 12 crianças nas colinas do Golã, um território sírio anexado ilegalmente por Israel. Mas o grupo xiita libanês deve manter sua estratégia de conflito de baixa intensidade contra os israelenses, evitando uma escalada que leve a uma guerra total. De qualquer maneira, como dizem os libaneses, no Oriente Médio, o que já érea ruim, sempre fica pior.

 

3 comentários:

marcos disse...

Adianta sim, Farsante Da Política.

MAM

Anônimo disse...

São décadas de crimes de guerra cometidos pelo Estado Terrorista de Israel. Nos últimos meses, dezenas de mulheres palestinas e dezenas de crianças palestinas são assassinadas DIARIAMENTE pelos criminosos que vestem fardas militares de Israel. Diplomatas judeus mentirosos são cúmplices dos militares criminosos daquele país. Depois de sofrer genocídio pelos alemães nazistas, os judeus fazem eles próprios o GENOCÍDIO dos palestinos. Dezenas de jornalistas já foram também vitimados, assim como médicos e professores que trabalhavam nas comunidades palestinas. Israel destruiu quase todas as ESCOLAS e quase todos os HOSPITAIS de Gaza, soterrando milhares de civis palestinos inocentes sob os escombros destes prédios. Os terroristas do Hamas mataram quase 1200 israelenses, os TERRORISTAS militares israelenses já mataram TRINTA VEZES MAIS PALESTINOS que isto nos últimos meses.

ADEMAR AMANCIO disse...

Só Maomé na causa.