sábado, 12 de outubro de 2024

Dora Kramer - Estribeiras perdidas

Folha de S. Paulo

Os três Poderes têm se comportado em dinâmica semelhante a uma queda de braço

A oposição ao Supremo Tribunal Federal albergada no Congresso não esperou se completarem três dias da volta do recesso eleitoral para abrir pesada artilharia sobre o Judiciário. Menos de 72 horas depois de desligadas as urnas, a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara aprovou quatro propostas, a maioria despropositada, em claro tom de vingança contra o STF.

Pode parecer estranha a expressão "oposição ao Supremo", mas é do que se trata na clara deformação institucional posta na relação entre os Poderes da República e que suscita a pergunta: o que está havendo com eles para se comportarem como se numa queda de braço estivessem?

Fui buscar explicação com o procurador de Justiça e presidente do Instituto Não Aceito Corrupção, Roberto Livianu, cuja resposta veio tão sucinta quanto precisa. Ele atribui essa situação à "perda completa das estribeiras" éticas e institucionais.

De fato, parece não haver mais limites ao rompimento dos anteparos impostos à convivência independente e harmônica entre Executivo, Legislativo e Judiciário. Uns se aliam a outros e se contrapõem entre si ao sabor das conveniências; muitas vezes extrapolam, cada qual à sua maneira.

No caso em tela, das deliberações da CCJ consta que foram tomadas no embalo dos bons resultados nas eleições municipais da centro-direita/direita que abrigam os partidos apoiadores das propostas de restringir a atuação do STF, derrubar sentenças e impor punições a ministros.

Se foi isso, trata-se de uma disfunção além das já conhecidas, decorrentes de vingança contra decisões de ministros sobre vários temas —de emendas parlamentares a condenações de golpistas— e do uso desse tipo de agenda nas negociações pela presidência da Câmara.

No alto comando da República há excessos e deficiências que precisam de urgente correção, mas isso deve se dar pela via da autocontenção, da consciência de cada uma das instâncias sobre fronteiras que não podem ser ultrapassadas. Sob pena de os garantidores do regime de legalidade avalizarem os defensores de um estado de vale-tudo em que o Estado vale nada.

 

 

3 comentários:

Anônimo disse...

É passado da hora de se dar limite e conter essa sanha autoritária e ditatorial do STF
Que atropela todas as leis ao sabor das suas Conveniências
Alexandre de Moraes já é um fora da lei nos Estados Unidos há um pedido pra cancelamento do seu visto e dos membros do STF Tamanho é o comprometimento dessa corte com a censura e com a perseguição dos opositores
Esse lero-lero da imprensa, é mais uma vez passando pano e apoiando ditadores de toga

Sergio Caires disse...

Kkkkkkkkk

ADEMAR AMANCIO disse...

Concordo com a colunista.