Folha de S. Paulo
Brasil que se cuide com o projeto
expansionista que ameaça Canadá, Groenlândia, Ucrânia...
A política dos EUA é agressiva e barulhenta. Trump adaptou
a receita dos autocratas que estiveram e estão por aí, cada dia em maior
número. Gatos que convivem bem no mesmo saco, apesar dos disfarces ideológicos.
nicolas Maduro, Ortega, Bukele, Milei,
Erdogan, Netanyahu, Putin,
Bolsonaro formam uma escola de ditadores. Maquiados de democratas, corroem a
máquina do Estado para controlá-la e utilizá-la como arma de repressão.
O roteiro trumpista inclui demissão em massa de funcionários públicos, substituindo-os por aliados; enfraquecimento de agências e mecanismos de controle; imposição de tarifas e adoção de ferramentas econômicas para incentivar certos setores (criptomoedas); assédio judicial; saída de organismos internacionais; ausência de cooperação em temas como aquecimento global.
Como não pode controlar as Forças Armadas,
Trump se aliou aos plutocratas da tecnologia —hoje, com a força destruidora das
redes, dá quase no mesmo. No grito, projeta um expansionismo típico. Afinal, o
colosso norte-americano vem de territórios comprados, invadidos ou anexados.
Está de olho no Canadá, Groenlândia,
Canal do Panamá, Ucrânia e Faixa de Gaza. E mandou recado
"decretando" que o golfo do México agora é golfo da América.
O Brasil que se cuide. Até porque já há muita
gente com boné Maga (Make America Great Again) na cabeça expressando sua
vassalagem. O governador do maior estado da federação o usa, orgulhoso.
A costa brasileira é quase toda lisa, uma
baía aqui, outra ali, o que levou o alagoano Graciliano Ramos a apontar uma das
razões de nosso fracasso. Segundo ele, toda grande nação tem golfo. Daí ter
sugerido ao sergipano Joel Silveira, em conversa na livraria José Olympio, a
ideia revolucionária de arrasar Sergipe e Alagoas, fazendo um golfo entre
Pernambuco e Bahia, com o rio São Francisco desembocando no fundo. "O
golfo das Alagoas!", exultou Graciliano. Ao que Joel protestou: "Por
que não o golfo de Sergipe?".
Trump inventaria um terceiro nome, a seu gosto e dispor.
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