Folha de S. Paulo
Presidente perde a vantagem que tinha sobre
nomes da direita no tira-teima em 2026
O presidente Lula (PT) mantém a
liderança em primeiro turno sobre os rivais elegíveis na simulação feita
pelo Datafolha sobre
a eleição do ano que vem, mas perdeu a vantagem que tinha sobre candidaturas à
sua direita em uma segunda rodada do pleito, empatando com governador Tarcísio
de Freitas (Republicanos-SP).
A evolução aferida pelo instituto ocorreu
do início de abril, data da pesquisa anterior, ao levantamento feito
na terça (10) e quarta (11) com 2.004 eleitores em 136 cidades. A margem de
erro é de dois pontos percentuais para mais ou menos.
Contra todos os rivais em 5 de 6 cenários apresentados, o presidente mantém o mesmo patamar de intenção de voto, flutuando de 36% a 38%. É um dado algo descolado de sua avaliação, feita na mesma pesquisa, que mostrou 28% dos brasileiros o considerando ótimo ou bom.
Isso decorre da fragmentação do quadro de
candidaturas, com apenas Lula pontificando no campo da esquerda. O Datafolha
simulou uma hipótese em que o presidente não concorre, colocando o
ministro Fernando
Haddad (PT) em seu lugar —e marcando 23%, perdendo para o
inelegível Jair
Bolsonaro (PL).
O ex-presidente, que
só poderá voltar a se candidatar em 2030 por conspirar contra o
sistema eleitoral em 2022, empata tecnicamente com Lula, ficando um ponto
abaixo numericamente —36% a 35% para o petista.
Nesse cenário, governadores à direita ficam
bem abaixo: Ratinho Jr.
(PSD-PR) tem 7%, Romeu Zema (Novo-MG)
marca 5%, e Ronaldo
Caiado (União Brasil-GO),
também 5%.
As eleições municipais terminaram com saldo
positivo para o bolsonarismo, que, apesar dos reveses e a dificuldade para
eleger prefeitos, gar Eduardo Anizelli - 6.out.24Mais
O Datafolha manteve essa trinca em todas as
simulações, dado que as eventuais candidaturas dependem menos da unção do
ex-presidente. Já o nome mais forte entre governadores, Tarcísio
de Freitas (Republicanos-SP) entra na cota direta do ex-chefe, que
inclui também três sobrenomes Bolsonaro filiados ao PL potencialmente na pista.
No cenário com Tarcísio, Lula o bate por 37%
a 21%. Já com a ex-primeira-dama Michelle, o petista vence por 37% a 26%. O
presidente marca 38% contra o senador Flávio
Bolsonaro (RJ), filho do ex-presidente, que tem os mesmos 20% do irmão
deputado Eduardo (SP) —contra quem o petista tem 37%.
No único cenário sem Lula e com Haddad, o
ministro da Fazenda perde para Bolsonaro por 37% a 23%. Na pesquisa espontânea,
sem a ficha com o nome dos rivais, dá o óbvio: a divisão entre o presidente
(16%) e antecessor (18%), muito por reflexo da polarização e do
"recall" do eleitorado.
Ainda no primeiro turno, pesa o fator
rejeição. Não votariam de jeito nenhum em Lula 46%, ante 43% que dizem o mesmo
de Bolsonaro. A família empata no quesito: 32% dizem não apoiar Eduardo, 31%,
Flávio, e 30%, Michelle. Haddad vem a seguir com 29%, seguido por Ratinho Jr.
(19%), Zema (18%), Caiado (15%) e Tarcísio (15%).
O cenário fica mais nebuloso para as
pretensões de Lula quando o Datafolha questiona
acerca do segundo turno.
Em abril, ele batia elegível Tarcísio por 48%
a 39%. Agora, marca um empate de 43% a 42%. Para fins de comparação, o
inelegível Bolsonaro perdia por 49% a 40%, com agora o ex-presidente marcando
45% e o atual, 44%, outra igualdade.
Michelle também se aproximou: passou de 38%
para 42%, enquanto Lula caiu de 50% para 46%. Já contra os filhos de Bolsonaro,
o presidente tem vantagem mais ampla: derrotaria Eduardo por 46% a 38%, e
Flávio, por 47% a 38%.
Por fim, um embate Haddad-Bolsonaro, repetindo
o segundo turno de 2018, novamente seria vencido pelo nome do PL: 45%
a 40%, invertendo o 45% a 41% em favor do ministro registrado em abril.
Os números cristalizam o cenário como
percebido pelas forças políticas, no qual Lula segue reinando na esquerda,
apesar da queda em sua aprovação. E o peso do nome de Bolsonaro, mesmo sem o
ex-presidente poder ser candidato como insiste que será.
Isso mantém
o dilema da direita, que teria em Tarcísio hoje a aposta mais competitiva.
O governador, cioso do eleitorado bolsonarista, só sairia para o Planalto se
tivesse o apoio explícito do padrinho.
Só que esse tem outros planos, como o de
tentar manter-se relevante enquanto ruma a uma condenação certa no caso da
trama golpista, e a ameaça de lançar seu sobrenome na forma de algum parente
embola o jogo para o resto da direita.
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