O Estado de S. Paulo
Urgência fiscal: corte de supersalários, privilégios e 50% das emendas. Fim de papo
Afinal de contas, a Câmara e o Senado são ou
não a favor do arcabouço fiscal, de menos gastos e mais receitas, de uma
economia que gere confiança e atraia investimentos? E dos interesses públicos,
em geral, da segurança, do bem-estar e do futuro do distintíssimo público que
garantiu os votos e a vitória de seus 513 membros do salão verde e dos 81 do
salão azul?
Seus presidentes, deputado Hugo Motta e senador Davi Alcolumbre, juram que sim, que são baluarte da defesa dos interesses nacionais e do controle das contas públicas e aliados do governo nessa direção. Só que...põem a faca no pescoço do presidente Lula e do ministro Fernando Haddad, derrubam uma proposta atrás da outra e não apresentam absolutamente nada em troca. Só sabem dizer “não” – e aumentar os próprios gastos.
Ok, todo mundo tem arrepios ao ouvir falar em
aumento de impostos e lembra de Haddad, uma, duas, mil vezes se comprometendo a
não fazer isso. Mas que tal o Congresso finalmente enfrentar o problema,
inclusive combatendo os supersalários, inconstitucionais e imorais, e cortando
na própria carne e nas próprias emendas de valor estratosférico?
Um bom começo seria suas excelências
trabalharem, porque, até agora, só se viu, ouviu e condenou muito tititi,
briguinha política, uso de comissões para perseguir adversários, defesa
corporativista de réus e condenados pela Justiça, jogo sujo contra o Supremo,
muxoxos contra o Executivo...
Tudo isso ilustrado com cenas lamentáveis de
marmanjos destratando a ministra Marina Silva ou de novatos (alçados a
deputados federais por blogs e redes sociais) inviabilizando um debate sério
sobre a questão fiscal para captar uns minutos de vídeos e editá-los ao gosto
dos imbecis de internet.
O momento mundial é grave, mas o Congresso
não se comove, nem se move, com a geopolítica, o papel do Brasil ou urgências
domésticas. E a internet e a responsabilidade das plataformas por conteúdos
nocivos? E o pacote da segurança, para melhor sintonia entre governo federal e
Estados no combate ao crime organizado e à violência?
Ao votar urgência para votar, ou melhor,
derrubar a MP fiscal que Haddad apresentou para neutralizar a lambança do IOF,
a Câmara fica na obrigação de contrapor soluções, mas age na direção oposta:
defende aumento do número de deputados e que parlamentares estourem o teto
constitucional, acumulando salários e aposentadorias.
PT e PL vivem em guerra, mas são irmãos
siameses ao legislar em causa própria. Aliás, que tal reduzir o valor das
emendas pela metade, quem sabe em 70%? Excelente ideia para a questão fiscal –
e não só para ela.
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