O Estado de S. Paulo
No plano global, o País é um fornecedor confiável, distante de conflitos geopolíticos
Em meio às enormes incertezas trazidas pela
administração Trump, o agronegócio brasileiro caminha para se tornar o mais
relevante participante global nos mercados oceânicos.
Isso já vem silenciosamente ocorrendo:
aumentamos volumes, diversificamos pautas e abrimos mercados. O País é o maior
exportador global de açúcar, soja, suco de laranja, café, aves e bovinos. No
milho, disputamos a liderança com os EUA; e somos o segundo em farelo de soja,
óleo de soja e algodão. Em suínos, atingimos o terceiro lugar.
A OCDE mostra há anos que o Brasil tem a agropecuária mais competitiva do mundo, sem depender de grandes subsídios (a isenção da cesta básica é, antes de tudo, um estímulo ao consumidor, uma política pública).
No plano global, o País é um fornecedor
confiável, distante de conflitos geopolíticos, produzindo em uma extensa área,
o que reduz o risco de grandes quebras de produção. Temos um robusto sistema de
defesa sanitária – pública e privada – que tem permitido enfrentar e conviver
com a gripe aviária. A aceitação, por países como o Japão, de que o bloqueio
atingisse apenas o município onde houve o único caso em granja comercial até
agora é prova disso. Nosso gado é criado a pasto e, agora, reconhecido como sem
febre aftosa.
Temos a enorme vantagem de ser a única grande
agricultura a ter jovens nela trabalhando, em larga escala. Jovens mais
qualificados trazem energia, novas visões e horizonte de futuro.
O ponto mais relevante é que a melhoria
tecnológica se tornou endógena, coisa quase única no País, dada a grande
ligação dinâmica entre produtores, pesquisadores, produtores de insumos,
processadores, extensionistas e cooperativas.
A produtividade será impulsionada pela
expansão da agricultura de precisão, da digitalização e da agricultura
regenerativa, que levarão a menor uso de certos insumos e reduzirão o custo de
produção. Também têm um papel as contínuas melhoras no sistema integrado de
produção (lavoura, pecuária e pastagens) e no controle de pragas.
Assistimos à intensificação no uso de
bioprodutos de várias naturezas e a melhoras contínuas na utilização de
BigData, na gestão de riscos de produção, nas finanças e nas atividades
empresariais.
O desenvolvimento também ocorrerá pela criação de valor por meio de muitos caminhos. Em razão de espaço, voltaremos a isso em nosso próximo encontro, analisando também a difícil situação da agricultura americana sob Trump e algumas de suas consequências.
Artigo escrito com Alexandre L. Mendonça de
Barros.
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