sábado, 30 de julho de 2011

Dilma quer demitir Jobim, mas Lula tenta segurá-lo

A presidente Dilma não gostou da confissão do ministro da Defesa, Nelson Jobim, de que votou no tucano José Serra, e planeja demiti-lo, informa Jorge Bastos Moreno. Mas o ex-presidente Lula, que ontem elogiou Jobim tenta demovê-la.

Lula tenta convencer Dilma a não demitir Jobim

Presidente está irritada com declarações recentes do ministro e deverá ter uma conversa com ele hoje, no Rio

Jorge Bastos Moreno

BRASÍLIA. A presidente Dilma Rousseff ainda não engoliu a recente declaração do ministro da Defesa, Nelson Jobim, e estava inclinada a demiti-lo. Esta semana, Jobim deu entrevista assumindo publicamente ter votado, nas eleições presidenciais do ano passado, no adversário da petista, o tucano José Serra. Alguns ministros e até o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tentam demover a presidente da ideia.

Ontem à noite, Dilma e Lula jantariam em Brasília. O assunto indigesto seria levado para a mesa. Hoje, a presidente terá uma conversa particular com Jobim no Rio, depois da solenidade de sorteio das chaves para a Copa de 2014.

Em evento no Rio ontem, Lula saiu em defesa de Jobim e tentou minimizar o assunto.

- Nunca me preocupei em perguntar aos meus amigos em quem votam. Voto é uma coisa sagrada, é secreto, e cada pessoa vota em quem quer. Jobim não foi convidado para o meu governo por causa do voto dele. Foi convidado para o meu governo pelo que poderia fazer no Ministério da Defesa. Um homem da qualidade do Jobim, da competência do Jobim, é o único que vi em condições de construir um Ministério da Defesa, de aprovar o plano estratégico da Defesa, e acho que isso foi feito - disse Lula. - Está cheio de gente que votou no Serra e gosta de mim hoje. Pode ter gente que votou em mim e gosta do Serra... A gente não pode fazer política achando que quem não votou na gente é pior do que quem votou.

Novas declarações de Jobim podem determinar sua saída

Na segunda-feira, o ministro da Defesa participa de um programa de entrevista na TV. Um auxiliar de Dilma admitiu que ela estava muito irritada e que novas declarações de Jobim sobre o tema podem levar a presidente a tornar oficial o que era ainda apenas um desejo.

Esta semana, em entrevista para o site da "Folha de S. Paulo", Jobim admitiu que não votou em Dilma nem participou de sua campanha. Ficou afastado. Disse que, numa reunião da coordenação política, ainda no governo Lula, tocou no assunto. Alegou que não poderia gravar mensagem de apoio à candidatura de Dilma por ser amigo de Serra. Por ser ministro do governo petista, também estava impedido de fazer campanha para o tucano. Lula, segundo Jobim, teria concordado em não o envolver na campanha presidencial.

Os petistas não gostaram. O secretário de comunicação do partido, André Vargas (PR), vem criticando Jobim no Twitter. Outros fizeram coro.

Dilma acha que Jobim está reiteradamente desafiando a sua autoridade de presidente.

- E isso eu não admito - teria dito ela.

Oficialmente, o Planalto sustenta que a saída de Jobim não está em discussão. O vice-presidente Michel Temer também diz que não é caso para tanto.

Segundo um amigo, Dilma poderá superar o episódio se Jobim tiver a modéstia de procurá-la para pedir desculpas.

- Ela pode se derreter. A raiva dela passa logo - comentou esse amigo.

FONTE: O GLOBO

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