sexta-feira, 22 de julho de 2011

'Não ter problema no Dnit é quase impossível', diz ministro

Paulo Bernardo diz que irregularidades não são surpresa em órgão com orçamento de R$13 bi

BRASÍLIA. Há mais de seis anos convivendo e conhecendo de perto o funcionamento da máquina pública no governo federal, o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, disse ontem ser praticamente impossível não ter problemas num órgão como o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) , com seu orçamento bilionário. No governo Lula, Paulo Bernardo foi ministro do Planejamento (desde março de 2005).

- O Dnit tem um orçamento para este ano que deve ser na faixa dos R$13 bilhões. Então, você supor que não tem nenhum problema é prever coisa quase impossível. Sempre tem problema.

E ressaltou:

- O Tribunal de Contas da União tem seguidamente apontado problema no governo, e é assim que vai continuar sendo feito. A presidente Dilma está determinada a fazer com que as coisas andem direito em todo o governo, tanto no Dnit como em qualquer outro ministério.

No início da atual crise nos Transportes, Paulo Bernardo foi citado no noticiário por causa de suas relações de amizade e trabalho com o diretor-geral do Dnit, Luiz Antonio Pagot, que deve ser afastado do cargo por Dilma. Embora Pagot tenha negado, emissários seus no Congresso espalharam que, em depoimentos no Congresso, ele citaria supostas responsabilidades de Paulo Bernardo nos polêmicos aditivos de obras superfaturadas.

Em entrevista, após participar ontem do programa "Bom dia, ministro", da Empresa Brasil de Comunicação, Paulo Bernardo disse ainda que não crê em rompimento do PR com o PT, em função das demissões de indicados do partido aliado.

Ontem, a Controladoria Geral da União (CGU) instaurou sete sindicâncias para apurar suspeitas de irregularidades envolvendo servidores na ativa, afastados ou exonerados do Dnit. E apresentou novo suspeito: o coordenador substituto de Operações Rodoviárias, Marcelino Augusto Santos Rosa, subordinado do petista Hideraldo Caron (Infraestrutura Rodoviária). Rosa é suspeito de envolvimento em esquema de direcionamento de contratos para "determinadas empresas". Outro servidor que passará a responder a sindicância é o coordenador de Construções Rodoviárias, Luiz Munhoz Prosel, acusado de participar de esquema de superfaturamento e fraudes contratuais.

Em três processos, a CGU investiga a responsabilidade do ex-diretor executivo José Henrique Sadok de Sá e do ex-coordenador de Operações Rodoviárias Luiz Cláudio Varejão por pagamentos indevidos ou favorecimento de parentes em obras.

O Ministério dos Transportes informou, no início da noite, que o ministro Paulo Passos vai analisar o conteúdo das denúncias da CGU antes de decidir sobre o destino dos servidores citados.

FONTE: O GLOBO

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