Foto: L'Unità |
Segundo testemunhas, disparo que atingiu rapaz de 16 anos em Santiago partiu da polícia, que nega envolvimento
Um estudante de 16 anos foi morto com um tiro no peito no início da madrugada de ontem na capital do Chile, Santiago, onde novos confrontos entre manifestantes e autoridades marcaram o fim da greve geral de 48 horas convocada pela Central Unitária dos Trabalhadores (CUT), principal sindicato do país, e outras 80 entidades.
Testemunhas afirmaram ontem que o disparo que matou Manuel Eliseo Gutiérrez Reinoso partiu de um carro da polícia - que negou envolvimento no assassinato. Acompanhado de um amigo, Manuel caminhava em direção à manifestação que ocorria em seu bairro, pouco após a meia-noite de ontem, empurrando a cadeira de rodas de seu irmão, Gerson Gutiérrez Reinoso, de 23 anos, quando foi atingido pelo tiro.
"Eu vi os policiais atirarem e não sou a única testemunha", afirmou Gerson ao jornal chileno La Nación. De acordo com o relato, três disparos foram efetuados.
"Descarto categoricamente a participação de policiais (no assassinato). Sei que há testemunhas que afirmam ter visto um veículo no local, mas não entendo porque atribuem o carro à polícia", disse Sergio Gajardo, subchefe da corporação. Ele garantiu ainda que, em casos como os protestos de Santiago, apesar de portarem armas, os agentes são orientados a não disparar.
Novos protestos. De acordo com o analista político Ricardo Israel, a morte do adolescente "seguramente resultará em manifestações maiores no Chile". "Agora vem um momento muito complicado para o governo, que terá de lidar com muito cuidado com os próximos protestos", afirmou.
Com pedidos que vão desde uma reforma constitucional até a redução de impostos e o apoio às reivindicações estudantis por mais investimento em educação, a mobilização ameaça virar um protesto generalizado contra o presidente Sebastián Piñera, o líder mais impopular desde o general Augusto Pinochet - apenas 26% dos chilenos aprovam seu governo.
A greve geral também é a primeira de 48 horas desde o fim da ditadura, em 1990. Ontem, Piñera pediu novamente um diálogo com estudantes, pais e educadores do país.
Os organizadores afirmaram que 600 mil pessoas marcharam nas principais cidades do país durante a paralisação dos últimos dois dias. Segundo estimativa feita pela Reuters, os protestos reuniram pelo menos 200 mil manifestantes em Santiago.
Saldo oficial. De acordo com o governo chileno, 153 policiais e 53 civis ficaram feridos. Durante as 48 horas de manifestação, 1.394 pessoas foram presas em todo o país, segundo autoridades locais.
Ontem, novos focos de violência foram registrados na capital chilena. Manifestantes incendiaram veículos e levantaram barricadas, mesmo após o fim da greve, principalmente em bairros populares de Santiago. Alguns voltaram a saquear lojas, centros comerciais e a atacar a polícia com paus e pedras.
Novamente, a polícia utilizou gás lacrimogêneo e jatos d"água para dispersar os protestos.
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO
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