sábado, 27 de agosto de 2011

Imagem é tudo:: Fernando Rodrigues

Acabou a faxina que foi sem nunca ter sido. Ficou o ganho de marketing para a presidente Dilma Rousseff. Publicações internacionais andam infestadas de interpretações sobre a atitude "firme" da petista na sua luta contra a corrupção e os maus costumes.

Quem anda por Brasília por dever do ofício sabe que as demissões de ministros e de servidores ocorreram mais por inevitabilidade do que por desejo específico e determinação do Palácio do Planalto. Dos quatro ministros demitidos, um (Nelson Jobim) caiu por falar em demasia e desagradar a presidente. Os demais saíram por terem as entranhas reveladas pela mídia e não por investigação do governo.

Aliás, os fatos pendentes no Ministério do Turismo e no das Cidades têm octanagem equivalente aos "malfeitos", como prefere Dilma, dos já demitidos. Mas agora, basta. A presidente mudou a escala com a qual mede a corrupção.

Brasília entrou numa fase de boatos e expectativas. Não há meio de antever o resultado de inúmeras investigações em curso.

Fatos graves ficaram mais visíveis durante a fase "política zero" de Dilma. A presidente se eximiu de arbitrar as desavenças do cotidiano da micropolítica. As informações tomaram seu curso natural, até a mídia. Aos poucos, tudo será apurado e publicado -quando houver veracidade. O efeito é imprevisível. Daí o clima de fim do mundo às vezes sentido entre os políticos no Congresso.

É cedo para fazer juízos definitivos. A força centrípeta do Planalto é imensa. O negócio do governo, qualquer governo, é produzir adesões em série. Mas quem imaginaria em janeiro que Antonio Palocci cairia da Casa Civil em junho?

Por enquanto, resta apenas o ganho de imagem para Dilma. Ao produzir a miragem de que faria uma faxina sem limites, a presidente atraiu o apoio até de tucanos ilustres, como FHC e Alckmin. Com uma oposição assim, tão dócil, fica bem suave a tarefa de governar.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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