segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Fazenda já trabalha com previsão de crescimento de 1,5% este ano

Ministro Guido Mantega continua a apostar em alta do PIB de 3%, mas, nos bastidores, a projeção dos técnicos da equipe econômica é de no máximo 2%. Para eles, o ritmo de recuperação no terceiro trimestre ainda está aquém do esperado

Fazenda trabalha com PIB de 1,5%

Nos bastidores do ministério, a projeção dos técnicos da equipe econômica é de crescimento de no máximo 2% este ano

Simone Cavalcanti

BRASÍLIA - Em seus discursos, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, continua se mostrando um otimista em relação ao desempenho da economia brasileira. Mas, no intramuros da pasta, sua equipe já calcula que a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) ficará entre 1,5% e 2% neste ano. Abaixo, portanto, dos 3% assumidos em documento oficial divulgado na sexta-feira passada e ainda dos 2,5% projetados pelo Banco Central no Relatório de Inflação de junho. “Muita gente aqui na Fazenda usa isso como uma meta. Mas acho que é muito, muito difícil fazer o 3%”, disse um técnico. O argumento é que a recuperação da atividade no terceiro trimestre realmente está acontecendo, mas em um ritmo aquém do esperado e, ao aguardar a retomada mais forte entre outubro e dezembro, não haveria mais tempo para impulsionar a economia em 2012. No documento “Economia Brasileira em Perspectiva”, a equipe econômica já sinaliza que espera apenas para os últimos três meses expansão que, anualizada, chegaria a 4%. “Se isso ocorrer, teremos um bom carregamento para o ano que vem e um primeiro trimestre bem melhor do que tivemos”, afirmou outro integrante da equipe econômica, que declara seguir a linha de raciocínio da estimativa “pé no chão”.

Na reunião ministerial com a presidente Dilma Rousseff no início do ano, Mantega havia dito que, embora com o ambiente externo conturbado, o Brasil teria condições de crescer mais do que os 2,7% apurados em 2011 e apresentaria uma das maiores altas entre os emergentes. Mas a crise bateu mais forte que o esperado, contaminando a expectativa de empresários e reprimindo investimentos. Ao mesmo tempo, o comprometimento da renda das famílias e a inadimplência aumentaram e os bancos reduziram sua oferta de crédito. A economia arrefeceu. A área econômica entende que a situação poderia ser bem pior. “Em quase todo exercício que fazemos fica claro que, se não tivesse havido a política monetária expansionista e nem todos os estímulos que foram dados estaríamos com crescimento bem mais baixo que o atual, ou seja, próximo a zero.” Como não há muito mais tem-po para a incorporação de uma reação nas apurações do PIB, o jeito é olhar para frente. “O crescimento de 2012 já está contratado. O drama é o ano que vem”, disse outra fonte qualificada para quem, a dificuldade encontrada não é apenas projetar a expansão à frente em um ambiente externo que segue com muita incerteza, mas, sim, realizar o crescimento pelo menos ao redor de 4% em 2013. A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) sancionada pela presidente neste mês indica alta de 5,5% para o PIB do próximo ano. Esse é exatamente o mesmo percentual enviado e aprovado pelo Congresso no Orçamento para 2012 e que foi oficialmente revisto para 4,5% no último decreto bimestral de receitas e despesas. Já no discurso, aos poucos, Mantega foi reduzindo suas estimativas até chegar aos atuais 3%.

FONTE: BRASIL ECONÔMICO

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