Fernando Rodrigues
BRASÍLIA - Depois de os pré-candidatos a presidente pelo PT, PSDB e PSB se atacarem mutuamente nos últimos dias, ontem foi a vez de Marina Silva também fazer observações ácidas sobre sua principal adversária em 2014.
Ao falar sobre a administração de Dilma Rousseff, a pré-candidata a presidente da República pelo novo partido Rede Sustentabilidade disse à Folha e ao UOL que o Brasil teve um "crescimento pífio" nos últimos dois anos. "Um presidente da República não é para ser o gerente do país. O presidente da República é para ter visão estratégica". Ela concedeu a entrevista ao projeto "Poder e Política".
Para Marina, "o desafio do Brasil é a mudança do modelo de desenvolvimento" e "a presidente Dilma não foi capaz de entender. Mas não só ela. O PT não foi capaz de entender. O PSDB não é capaz de entender essa nova agenda que se coloca para o mundo".
Entre os possíveis adversários na corrida presidencial de 2014, só Eduardo Campos, do PSB, foi poupado por Marina. Ela apenas diz considerar legítimo que o governador de Pernambuco dispute o Planalto.
Ao criticar a gestão federal, Marina disse que a "apologia do gerente" foi feita em relação a Dilma Rousseff, e isso criou uma expectativa. "Talvez um erro de quem fez a sua campanha", afirmou.
O estatuto e o programa partidário da Rede, como é chamado o partido de Marina, serão registrados hoje, às 10h, no 1º Cartório de Registro de Pessoa Jurídica de Brasília.
Indagada sobre o gênero da nova legenda -se seria "o partido Rede" ou "a Rede"-, Marina disse que o correto é usar a forma feminina. Portanto, "a Rede".
E os filiados ao partido devem ser chamado de "redistas", assim como os do PT são petistas? Não, a designação correta, segundo Marina, é "os redes".
A Rede já se prepara também para contra-atacar no caso de o Congresso aprovar uma lei impedindo a criação do partido nos mesmos moldes do PSD do ex-prefeito Gilberto Kassab -que recebeu a adesão de deputados e assim aumentou sua presença no tempo de TV para fazer propaganda. Se a regra for mudada, os redes vão contestar na Justiça.
A Rede fará restrição a doações de empresas ligadas a fabricantes de bebidas alcoólicas, armas, fumo e agrotóxicos. Mas permitirá a captação de dinheiro de empreiteiras ligadas à construção de usinas nucleares.
Para Marina, não há problema. A empresa ligada à energia nuclear ao doar para a Rede agiria com "desprendimento", sabendo que o partido é contra é fonte de energia.
Refratária a se declarar candidata a presidente desde já, Marina também rejeita a hipótese de fracassar o registro da Rede a tempo de se habilitar para as eleições de 2014. De maneira cifrada, cita o PPS (antigo Partido Comunista) como uma legenda que se ofereceu para ajudar os redes -essa legenda pode ser seu destino no caso de a nova sigla não estar pronta para o ano que vem.
Evangélica, Marina reafirma que a flexibilização da prática do aborto ou do consumo da maconha são temas para o país decidir em plebiscito. Ela é contra. Já sobre casamento entre pessoas do mesmo sexo, nega ser a favor de também submeter esse tema a uma consulta popular.
Fonte: Folha de S. Paulo
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