• Datafolha mostra que 46% do eleitorado dificilmente votaria em Dilma; no caso do tucano, esse índice é de 27%
• Além dos que já se decidiram, eleitores que podem votar em Dilma somam 15%; são 36% no caso de Aécio
Fernando Canzian – Folha de S. Paulo
SÃO PAULO - Pesquisa Datafolha divulgada na quinta-feira (17) mostra a possibilidade de uma reedição, em 2014, da polarização entre PT e PSDB que marcou as últimas eleições presidenciais no Brasil.
No cenário do primeiro turno, Dilma Rousseff (PT) tem 36%; Aécio Neves (PSDB), 20%; e Eduardo Campos (PSB), 8%. Mas Aécio e Campos são os que têm hoje maiores chances de crescer.
As três últimas eleições para presidente foram vencidas pelo PT, contra o PSDB, no segundo turno. Entre 2002 e 2010, os tucanos avançaram regionalmente a cada pleito.
Caso a polarização se consolide (com Campos não conseguindo desfrutar do seu potencial), Aécio tem mais chances de ganhar eleitores do que Dilma.
Pelo último Datafolha, em um segundo turno entre os dois melhores colocados hoje (Dilma e Aécio), eles estariam empatados na margem de erro de dois pontos do levantamento, com 44% e 40%, respectivamente.
Mas um recorte aprofundado da pesquisa mostra que 46% do eleitorado dificilmente votaria em Dilma. Esses eleitores, batizados de "causa perdida", dizem conhecer a petista, mas que não votariam nela de jeito nenhum.
Aécio tem um percentual mais baixo de eleitores "causa perdida" (27%); e Campos, ainda menor (19%). Ou seja, ambos têm, por enquanto, mais chances de atrair eleitores do que Dilma.
Somados, os eleitores que têm "alto potencial" ou "médio potencial" de votar em Dilma (além dos que já pretendem fazer isso) são apenas 15% do total. Eles chegam a 36% no caso de Aécio e a 44% no de Campos.
São qualificados como "potenciais eleitores" os que conhecem o candidato, cogitam votar nele e não o rejeitam necessariamente.
Esse tipo de recorte em pesquisas eleitorais é bastante usado nos EUA, onde os chamados "swing states" (Estados pêndulo) costumam decidir as eleições por margens muito apertadas.
Os candidatos se utilizam desse tipo de recorte justamente para focar recursos e presença onde têm mais potencial de crescimento.
No caso dos três líderes na atual corrida, o maior potencial de crescimento de Dilma está no Nordeste (18%); de Aécio, no Sul e Centro-Oeste (41%); e o de Campos, no Centro-Oeste (56%).
No geral, a não repetição do padrão das últimas eleições (de um embate direto entre PT e PSDB no segundo turno) dependerá, basicamente, do comportamento de Campos, que tem uma "avenida" para crescer.
"Campos tem grande potencial, mas precisará de uma comunicação eficiente para transformar isso em voto, e não deixar que se repita o padrão petistas contra tucanos das últimas eleições", diz Alessandro Janoni, diretor de Pesquisas do Datafolha.
Segundo as regras do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), no primeiro turno Dilma terá cerca de 11min48s de tempo no horário eleitoral; Aécio, 4min31s; e Campos, 1min49s.
Caso a disputa acabe indo para o segundo turno, os dois primeiros colocados dividirão igualmente o tempo de 20 minutos na TV.
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