Catia Seabra | Folha de S. Paulo
SÃO PAULO - A dois dias da primeira etapa das eleições para comando do PT, o secretário-geral do partido, Romênio Pereira, apresentou uma proposta de acordo entre os dois candidatos à presidência da sigla: os senadores Gleisi Hoffmann (PR) e Lindbergh Farias (RJ).
Pela proposta, seria criada uma vice-presidência reservada exclusivamente a Lindbergh, evitando uma disputa entre os dois. Hoje, a Executiva Nacional do PT é composta por 21 petistas. Lindbergh seria seu 22 integrante, o primeiro-vice-presidente do PT.
A exemplo do que já acontece na eleição do presidente do partido, a votação a Lindbergh seria feita independentemente da correlação de forças internas usada para composição da cúpula partidária. As tendências que hoje apoiam sua candidatura teriam seu espaço garantido mesmo que seja selado esse acordo.
Ainda que negue ser essa a intenção, Romênio oferece, com isso, uma saída honrosa para Lindbergh.
Aliado de Gleisi no Senado, Lindbergh admite em conversas a dificuldade de concorrer com ela. Gleisi também reconhece que não gostaria de travar essa disputa.
Além disso, o senador tem perdido sustentação desde que rejeitou o apelo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que desistisse em favor de Gleisi.
A ala Novo Rumo, integrada pelo presidente da sigla, Rui Falcão, já sinalizou, por exemplo, com o apoio a Gleisi. O próprio Falcão foi um dos defensores de sua candidatura.
O Movimento PT, de Romênio, também tem se manifestado pela eleição da senadora. Ocupante do segundo cargo de maior relevância no comando petista e com o mapa de todo o país, Romênio calcula em 65% as intenções de voto em Gleisi.
Segundo ele, o acordo beneficiaria a Lula, Lindbergh e Gleisi.
"Essa é uma dupla que pode atuar em parceria nas eleições de 2018", propõe Romênio.
A proposta de Romênio será apresentada formalmente ao PT no congresso partidário programado em junho, mas sua discussão poderia, na sua opinião, evitar uma nova disputa interna.
"Os apoiadores de Lindbergh teriam um aliado na cúpula do PT. A CNB (corrente majoritária) teria a presidência. Quem for contra esse acordo estará contra o partido", defende.
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