Carolina Linhares | Folha de S. Paulo
BELO HORIZONTE- Lideranças do Democratas lançaram nesta segunda (19), em Belo Horizonte, a dobradinha Rodrigo-Rodrigo para as eleições deste ano —Maia, presidente da Câmara, para o Planalto e Pacheco, deputado federal, para o governo de Minas Gerais.
Pacheco, ex-MDB, assinou sua filiação ao DEM durante a solenidade. "Vou levar o nome de Maia aos 853 municípios de Minas, é um compromisso público que eu assumo", afirmou ao lado do presidente da Câmara.
Em seus discursos, ambos defenderam renovação política, corte de gastos, enxugamento da máquina pública e desenvolvimento econômico, enfatizando a crise econômica que Minas Gerais vive atualmente.
Também esteve presente o presidente do DEM e prefeito de Salvador, ACM Neto, para quem o partido vive um momento de refundação. Ele defendeu as candidaturas próprias, porém, nos bastidores, há a possibilidade de apoio ao presidenciável Geraldo Alckmin (PSDB), caso Maia não cresça nas pesquisas.
Pacheco, que desejava o apoio dos tucanos em Minas, mas deve ter o senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) como adversário, deu um recado ao aliado histórico ao afirmar que a solução para o estado não está no passado.
"A solução é o resgate do passado necessariamente? É óbvio que o passado tem pontos muito positivos e que nós temos que aprender com a experiência dos outros. [Mas o que Minas precisa é de transparência e independência. Minas precisa ser diferente e olhar para a frente." ."
Anastasia foi governador de Minas Gerais entre 2010 e 2014. Em entrevista à imprensa, Pacheco afirmou que a fala não foi uma referência ao senador.
Com a decisão de Anastasia de aceitar construir sua candidatura no estado, Pacheco perde o protagonismo na oposição ao governador Fernando Pimentel (PT), que tentará a reeleição.
Próximo de Anastasia, Pacheco voltou a negar a possibilidade de formarem uma chapa juntos. "Nesse momento estou com a candidatura absolutamente viabilizada. [É preciso] Reconhecer que há lideranças novas."
"Há um anseio comum dos mineiros hoje e é a esperança de mudar. Quanto à divisão de propostas e propósitos, considero natural. Eu mantenho meu conceito em relação a Anastasia, que é o melhor possível, mas eu tenho direito de dar a Minas uma oportunidade de uma alternativa."
O presidente do PSDB de Minas, deputado federal Domingos Sávio, esteve presente e pregou união. "Caminhamos juntos em momentos decisivos e é hora de reconstruir. Os nossos ideais nos manterão unidos."
Pacheco ainda atacou o governo Pimentel, dizendo que não paga o básico, como salário de servidores e repasse de impostos aos municípios. O deputado também agradeceu ao MDB, de onde saiu. Boa parte do partido em Minas dá apoio ao governo petista e há chances de que a aliança seja reeditada neste ano.
CRISE E RENOVAÇÃO
Maia enfatizou a importância do diálogo para repactuar a organização do país e enfrentar o que chamou de colapso financeiro — já sentido em Minas Gerais e no Rio de Janeiro, segundo ele.
"Aquela política radicalizada e polarizada gerou esse estado onde ficou impossível repactuar acordos mínimos para a sociedade" disse.
"O ciclo que vem da redemocratização do Brasil, o ciclo da nova República, termina no final deste ano. E sociedade daqui para frente vai exigir mais diálogo, mais transparência e mais equilíbrio. Olho no olho."
"Ninguém que faz política séria nesse país poderá entrar nas eleições de 2018 prometendo grandes investimentos. Quem estiver fazendo isso estará mentindo", completou. "A sociedade não aceita mais essa forma de fazer política."
O pré-candidato insistiu no tema da segurança pública, mas sem mencionar a intervenção federal em seu estado, o Rio de Janeiro. “Só vamos reduzir a violência neste país quando tivermos educação de qualidade e emprego nosso país. Não há outro caminho”, disse.
O presidente da Câmara iniciou suas viagens de campanha pela Paraíba, na última semana, e admitiu sua imagem sisuda. Ele tem 1% das intenções de voto até o momento.
"Falam que eu tenho que abraçar mais, que eu sorrio pouco. Eu falo não. Vou ser o que sempre fui: um político mais fechado, [...] mas principalmente que fala a verdade."
Em seu discurso ACM Neto exaltou Maia como o representante da nova geração da política. "Maia ajuda a realizar um sonho antigo. [...] O nosso partido sempre desejou apresentar candidato próprio à Presidência da República."
Em seu discurso, o presidente do DEM e prefeito de Salvador, ACM Neto, afirmou que o partido passa por um momento de refundação em todo o país.
"O partido sempre desejou apresentar candidato próprio à Presidência da República. [...] Temos nos organizado em todo o Brasil, temos recebido lideranças. E na figura de Rodrigo Pacheco posso apontar esse novo Democratas que se apresenta aos brasileiros", disse.
ACM Neto afirmou ainda que a candidatura de Pacheco será prioridade do DEM nas eleições estaduais e que ele terá liberdade nas articulações políticas.
Maia e ACM Neto não deram entrevistas à imprensa.
Lideranças do PP, PSB, PPS, PMB, Avante e Patriota também discursaram em apoio a Pacheco.
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