O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, tem razão ao desejar que a Casa vote a reforma até o recesso
No balanço de lucros e perdas da aprovação do projeto de reforma da Previdência na Comissão Especial, por uma margem de votos confortável — 36 a 13 —, destaca-se a efetividade do trabalho de condução da tramitação do assunto na Câmara feito pelo presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Consciente da importância da reforma para o país, Maia teve de ocupar espaços deixados por um governo inapetente, e até mesmo trapalhão, para liderar politicamente a viabilização da empreitada.
Não houve alternativa a não ser afinar-se com o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o competente secretário da Previdência, o ex-deputado Rogério Marinho, para dividirem um trabalho de que precisava, e precisa, ter a participação do presidente Jair Bolsonaro.
Este terminou atuando nos contatos com parlamentares, mas não a favor das melhores causas. Antes da votação do relatório do deputado Samuel Moreira (PSDB-SP) na Comissão Especial, Bolsonaro mobilizou-se apenas para garantir privilégios de castas policiais.
Antes, procurou manter distância do Congresso, demonstrando uma compreensão tosca do que é fazer política, entendendo-a como praticar o fisiologismo.
A luta continua, porque faltam as duas votações no plenário da Câmara, em que serão necessários no mínimo 308 votos a favor da reforma, e outras duas no Senado, também com o mesmo quórum qualificado de três quintos dos votos — 49 senadores.
Espera-se não apenas que Bolsonaro trabalhe para viabilizar a reforma, sem se dedicar a lobbies de corporações, e que o ministro da Secretaria de Governo, general Luiz Eduardo Ramos, empossado na quinta — experiente no trato com o Congresso, por ter sido o interlocutor do Exército com o Parlamento — consiga construir um canal desobstruído com deputados e senadores. Sem confundir política com o toma lá dá cá do fisiologismo, como fez Bolsonaro no início do governo.
Vencida a etapa da Comissão Especial, é importante apressar as votações do primeiro e segundo turnos no plenário da Câmara, como deseja Rodrigo Maia, para antes do início do recesso parlamentar, na quinta-feira 18. Em entrevista ontem à rádio Jovem Pan, o presidente da Câmara disse que já se reunirá hoje com líderes de partidos, para articulações com vistas aos dois turnos de votação em plenário.
Deve-se aproveitar logo o efeito positivo da vitória na Comissão, para consolidar apoios, atraindo indecisos, que poderão perder votos nas eleições de 2020 por não terem apoiado uma reforma essencial para tirar a economia do atoleiro fiscal. É estratégico aproveitar o bom momento, sem menosprezar a capacidade de o lobby de servidores defender no Congresso suas vantagens na aposentadoria.
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