- Folha de S. Paulo
Já se passou um ano deste governo ignóbil, mas ainda restam três
Ótima notícia sobre 2019: já se passou um ano deste governo ignóbil. A ruim: ainda restam três. Mais três anos que a mamata acabou, menos o filé mignon das crianças. Um Gabinete do Ódio pro filho do meio, alguma bocadinha pro Dudu, uma opressãozinha no Ministério Público pro primogênito. Tudo pelo Bolso Família.
Teremos mais três anos de um presidente terrivelmente reacionário, homofóbico e machista. Haverá comemoração do golpe de 1964, exaltação da ditadura, ameaça a todos os tipos de ativismos, discursos violentos contra minorias e deve sobrar para índios, árvores e mães. Ele ganhou, porra!
Mais três anos em que a Constituição que garante um país laico será pisoteada. Deus, ou seja lá quem, nos salve do Estado Evangélico. Faz a conta. Três anos de um governo que tem como método intimidação, linchamentos virtuais, assassinatos de reputação contra críticos, adversários e imprensa. Três anos de fake news com cara de nota oficial.
Mais três anos de relações internacionais estraçalhadas, de tretas com chefes de Estado, de acordos comerciais ameaçados, servindo de capacho para ianque. Três anos em que a culpa será sempre dos outros, do PT, das ONGs, da Greta, do DiCaprio, do Paulo Freire, dos veganos, do Inpe, dos direitos humanos, da mídia.
Mais três anos da falácia do homem simples, de bem, de família, que não raciocina antes de falar. Três anos de um presidente que exalta a ignorância, governa movido pela inépcia, pela falta de cultura e de educação, de gentileza, de empatia, rodeado de ministros bufões.
Mais três anos. Trinta e seis meses, 1.095 dias. Mais de 26 mil horas, aguentando com o fígado essa gente desqualificada que decide por um país inteiro. Meu palpite sobre 2020: será oh, uma bosta. Como nesta época sempre fico mais otimista, quero acreditar que serão só mais três anos. Longos e duros anos. Mas apenas mais três.
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