segunda-feira, 27 de julho de 2020

Leandro Colon – O baile no Fundeb

Não há base governista que solidifique com o método de articulação do Planalto

Jair Bolsonaro finge que não, mas a verdade é que tomou um baile na votação que aprovou o Fundeb na Câmara.

O episódio expôs uma fragilidade justamente na hora em que o presidente tenta distensionar a relação.

Depois de tantos flertes com o centrão, regado a cargos públicos, ele foi atropelado pelo plenário presidido por Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Fracassou a armadilha de querer contrabandear dinheiro do fundo para o Renda Brasil. Tem muito político que gosta de enganar, mas não de ser enganado.

O centrão não ajudou e deixou o Planalto solitário no vexame protagonizado pelos sete minguados bolsonaristas que votaram contra o fundo.

Ato contínuo, Bolsonaro destituiu a super aliada Bia Kicis (PSL-DF) da vice-liderança do governo, como punição - ela foi um dos "rebeldes".

Tudo teatro para bolsonarista ver. No sábado (25), o presidente visitou a parlamentar em sua casa em Brasília em um gesto de prestígio.

O modelo "paz e amor", com acenos ao Congresso, pode ser bonito para fora, mas no plenário o jogo é completamente diferente.

Deputados e senadores, fisiológicos ou não, gostam de bajulação e de saber quais são claramente os movimentos do governo.

No caso do Fundeb, houve uma tentativa sorrateira do Planalto de mexer no dinheiro sem nunca ter sentado para negociá-lo. Não há base governista que solidifique com o método.

Bolsonaro percebeu que nem centrão engole esse tipo de coisa e ainda quis faturar a aprovação de algo que tentou fazer diferente até os 45 do segundo tempo.

A reforma tributária é agora sua nova agenda prioritária. Fatiá-la, como fez Paulo Guedes ao entregar a primeira parte, é uma estratégia para aprovar logo um pedaço do bolo.

Há uma boa vontade dos congressistas em avançar até de forma mais ampla. E há espaço para o governo ser bem sucedido. Só não pode aplicar uma rasteira de última hora.

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