quinta-feira, 15 de setembro de 2022

Bruno Boghossian - A bifurcação do bolsonarismo

Folha de S. Paulo

Aliados de Bolsonaro se dividem diante de ofensa a Vera Magalhães, mas bifurcação leva ao mesmo destino

O bolsonarismo amanheceu partido. "Tarcísio acabou de destruir sua candidatura", sentenciou um fervoroso seguidor do presidente numa publicação nas redes. "Mais um traidor para a lista?", questionou outro apoiador. "O Tarcísio vai negociar tudo. Vai negociar a tua família", afirmou o ex-ministro Abraham Weintraub.

Na disputa pelo governo paulista, Tarcísio de Freitas exibe com gosto as credenciais do ex-chefe Jair Bolsonaro, mas se tornou alvo de eleitores fiéis do presidente. O motivo: Tarcísio decidiu rifar publicamente o deputado estadual bolsonarista que ofendeu a jornalista Vera Magalhães após o debate da última terça-feira (13) entre candidatos ao Palácio dos Bandeirantes.

Foi um lance político. Tarcísio e seu estafe entenderam que não valeria a pena absorver os prejuízos causados pelo parlamentar, que havia entrado no debate a convite de sua campanha. A manobra não caiu bem numa ala que, a partir do comando de Bolsonaro, mantém uma tropa de prontidão para atacar a imprensa.

Não existe uma divisão verdadeira entre os dois grupos. O deputado Eduardo Bolsonaro, por exemplo, embarcou na condenação pública aos insultos feitos a Vera, em busca de uma blindagem para Tarcísio. O próprio filho do presidente, porém, já ofendeu a jornalista nas redes.

Uma briga por poder explica esse aparente estranhamento entre bolsonaristas dispostos a manobras pragmáticas e aqueles que se vendem como representantes da doutrina pura do presidente, sem amarras civilizatórias mínimas.

Em primeiro plano, há uma concorrência por votos, uma vez que muitos desses políticos disputam o mesmo espaço eleitoral. Mas o duelo principal envolve a influência sobre os rumos e as táticas de sobrevivência que o bolsonarismo deve adotar.

É uma bifurcação que leva ao mesmo destino. Os falsos esforços de moderação do presidente e seus aliados podem melhorar suas chances de permanecer no poder, mas nunca significaram uma real mudança de rota. O bolsonarismo é um só.

 

2 comentários:

Anônimo disse...

Difícil escolher os piores entre os cúmplices da quadrilha de Bolsonaro... Eduardo bananinha Bolsonaro e Tarcísio parecem ter agido mais civilizadamente neste caso, provavelmente tentando diminuir a perda de votos que as seguidas agressões bolsonaristas vão causar. Abraham Weintraub é tão criminoso e mentiroso quanto Jair Bolsonaro, portanto nada se pode esperar de bom vindo destes canalhas!

ADEMAR AMANCIO disse...

É,como disse Reinaldo Azevedo,não existe bolsonarista moderado.