Folha de S. Paulo
Aliados de Bolsonaro se dividem diante de
ofensa a Vera Magalhães, mas bifurcação leva ao mesmo destino
O
bolsonarismo amanheceu partido. "Tarcísio acabou de destruir sua
candidatura", sentenciou um fervoroso seguidor do presidente numa
publicação nas redes. "Mais um traidor para a lista?", questionou outro
apoiador. "O Tarcísio vai negociar tudo. Vai negociar a tua família",
afirmou o ex-ministro Abraham Weintraub.
Na disputa pelo governo paulista, Tarcísio de Freitas exibe com gosto as credenciais do ex-chefe Jair Bolsonaro, mas se tornou alvo de eleitores fiéis do presidente. O motivo: Tarcísio decidiu rifar publicamente o deputado estadual bolsonarista que ofendeu a jornalista Vera Magalhães após o debate da última terça-feira (13) entre candidatos ao Palácio dos Bandeirantes.
Foi um lance político. Tarcísio e seu
estafe entenderam que não valeria a pena absorver os prejuízos causados pelo
parlamentar, que havia entrado no debate a convite de sua campanha. A manobra
não caiu bem numa ala que, a partir do comando de Bolsonaro, mantém uma tropa
de prontidão para atacar a imprensa.
Não existe uma divisão verdadeira entre os
dois grupos. O deputado Eduardo Bolsonaro, por exemplo, embarcou
na condenação pública aos insultos feitos a Vera, em busca de uma blindagem
para Tarcísio. O próprio filho do presidente, porém, já ofendeu a jornalista
nas redes.
Uma briga por poder explica esse aparente
estranhamento entre bolsonaristas dispostos a manobras pragmáticas e aqueles
que se vendem como representantes da doutrina pura do presidente, sem amarras
civilizatórias mínimas.
Em primeiro plano, há uma concorrência por
votos, uma vez que muitos
desses políticos disputam o mesmo espaço eleitoral. Mas o duelo principal
envolve a influência sobre os rumos e as táticas de sobrevivência que o
bolsonarismo deve adotar.
É uma bifurcação que leva ao mesmo destino.
Os falsos esforços de moderação do presidente e seus aliados podem melhorar
suas chances de permanecer no poder, mas nunca significaram uma real mudança de
rota. O bolsonarismo é um só.
2 comentários:
Difícil escolher os piores entre os cúmplices da quadrilha de Bolsonaro... Eduardo bananinha Bolsonaro e Tarcísio parecem ter agido mais civilizadamente neste caso, provavelmente tentando diminuir a perda de votos que as seguidas agressões bolsonaristas vão causar. Abraham Weintraub é tão criminoso e mentiroso quanto Jair Bolsonaro, portanto nada se pode esperar de bom vindo destes canalhas!
É,como disse Reinaldo Azevedo,não existe bolsonarista moderado.
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