Valor Econômico
Em defesa do governo, ministro levantou uma
dúvida sobre a continuidade do que descreve como momento favorável
O ministro da Economia, Paulo Guedes,
quebrou a liturgia durante a reunião de primavera do Fundo Monetário
Internacional (FMI), em Washington, adotando um tom político-partidário pouco
comum nesses encontros de organismos multilaterais.
Chamou a atenção a linguagem crua usada em palestras com investidores estrangeiros, que estão pouco acostumados com o estilo do ministro. Ele também levantou dúvidas, em entrevistas coletivas e na carta entregue ao Comitê Monetário e Financeiro Internacional (IMFC, na sigla em inglês), sobre a continuidade da política econômica brasileira, dependendo do resultado das eleições presidenciais.
Guedes é o ministro da Economia nomeado por
Jair Bolsonaro e, portanto, exerce uma função política. É natural que faça a
defesa da política econômica do governo. Mas, quando está no exterior, é também
o representante do Estado brasileiro, cumprindo um papel de embaixador.
O ministro vive às turras com o FMI já faz
algum tempo, em particular com as projeções econômicas, e tem certa razão. Em
junho de 2020, o Fundo divulgou uma projeção de queda da economia de 9,1%,
provocada pela pandemia. Muita gente boa chegou a prever o pior. Mas, naquele
momento, o Banco Central e o mercado financeiro já estavam revendo os piores
prognósticos para o Brasil, depois que a economia mostrou resiliência.
Desta vez, durante a passagem por Washington,
Guedes criticou a projeção do FMI para a expansão do PIB em 2023, estimada em
1%. A rigor, o Fundo está mais otimista que o consenso do mercado financeiro,
reunido no boletim Focus, de 0,59%. Ainda assim, o organismo não foi poupado.
“Estão prevendo para o ano que vem um
crescimento baixo”, disse, numa entrevista coletiva. “Possivelmente estão
achando que o outro candidato [Lula] vai ganhar. Aí o crescimento vai ser baixo
mesmo. Mas conosco vai seguir crescendo.” O Ministério da Economia vem sendo
criticado, no Brasil, por trabalhar com uma expansão de 2,5% em 2023, que
superestima a arrecadação federal.
A reunião do FMI e do Banco Mundial é um
grande encontro de autoridades econômicas e financeiras, investidores,
economistas e acadêmicos. Há as reuniões oficiais, organizadas pelos países e
pelos organismos multilaterais, e também a agenda de bancos e outras
instituições financeiras, que promovem encontros com autoridades e
investidores.
Um dos pronunciamentos oficiais mais
importantes é a carta que cada uma das 24 cadeiras que compõem o fundo lê para
o IMFC. Nesse documento, Guedes exalta o governo Bolsonaro tem feito. “Esta
administração entregou reformas estruturais transformadoras, cujos efeitos
positivos continuarão a ser sentidas no futuro”, diz a carta.
Já é inadequado e cafona deitar elogios a
si mesmo, personalizando uma relação que deveria ser de Estado. A situação fica
pior quando se considera que, na verdade, o Brasil é o líder de uma cadeira, ou
“constituency”, composta por 11 países, como Equador, Haiti e Timor Leste.
Parece implicância com detalhe formal, mas não é: na diplomacia, cada palavra
tem muito valor e deve ser pesada com cuidado. A leitura dos pronunciamentos
dos demais membros do IMFC mostra como todos têm o cuidado de respeitar sua
“constituency”.
Na carta, porém, Guedes vai além: levanta
uma dúvida sobre a continuidade desse suposto momento favorável, sugerindo o
risco de não manutenção das políticas atuais. “Os resultados de nossas ações e
determinação começaram a ser percebidos e, se mantidas, continuarão a
determinar o desempenho da economia brasileira por muitos anos.” O que o
ministro não detalha é o que poderia mudar a política econômica atual: uma
eventual eleição de Lula ou sua demissão por Bolsonaro. É um caso raro de
ministro da Economia que, no exterior, levanta incertezas sobre a economia
brasileira.
Em agosto de 2002, o ministro da Fazenda,
Pedro Malan, negociou um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para
reduzir as incertezas durante o período eleitoral e dar tranquilidade na
transição ao governo Lula, que naquele momento já era o cenário mais provável.
Muito se fala sobre como Lula acalmou os mercados com a Carta ao Povo
Brasileiro, mas, na verdade, a âncora concreta foram as metas de superávit
primário do acordo com o FMI. O governo Fernando Henrique Cardoso costurou o
apoio de Lula e Ciro Gomes ao programa com o FMI.
Malan tinha o seu candidato, José Serra, o
mesmo de FHC, mas não se envolveu na campanha. Ele atuou como uma espécie de
embaixador da estabilidade, que havia sido conquistada com o Plano Real, dentro
e fora do país. Quando questionado em quem votaria, respondeu apenas “o
candidato do governo”, e se irritou com os jornalistas que refizeram a pergunta
várias vezes, tentando forçá-lo a pronunciar “Serra”.
Na sua carta ao IMFC, em outubro de 2002,
Malan procurou dar garantias de que a economia brasileira caminharia bem
independentemente do resultado das eleições. “O governo brasileiro fortaleceu
adicionalmente a sua política econômica e buscou o apoio de um novo acordo com
o FMI”, escreveu. “Declarações de apoio dos principais candidatos aos elementos
centrais do acordo contribuíram para reduzir as preocupações sobre a
continuidade da política econômica.”
Naturalmente, em 2002 a situação econômica
do Brasil era bem mais delicada, em meio a uma crise de balanço de pagamentos.
Mas, hoje, não está um refresco. Em que se pese o superávit primário previsto
para este ano e a queda da dívida, a situação fiscal do Brasil é mais
dramática. A perspectiva é de volta do déficit no ano que vem. O Orçamento é
irrealista, porque não inclui promessas como o Auxílio Brasil turbinado e o
reajuste da tabela do Imposto de Renda.
O mercado internacional está punindo deslizes fiscais, mas o Brasil ainda não chama muita atenção nesse concurso de feiura, já que tem gente pior por aí. Mas a coisa pode mudar rapidamente. A tolerância anda mais baixa, como ficou claro no caso do Reino Unido.
6 comentários:
Esse Paulo Jegue, cavaleiro do apocalipse ,trouxe mais miséria para os pobres do país , portanto, deveria ser extirpado do Brasil. Genioso,’a tudo respondia que poderia largar tudo e ir embora .
Infelizmente, foi da boca pra fora, mais uma de suas falácias . Age como galinha choca no ninho e como outra , na lagoa , de olho nos pintinhos. Serviente e indulgente faz tudo o seu mestre manda. Se tivesse em Chicago teria que ter dado satisfação sobre seus dólares em Paraíso Fiscal. No Brasil ficou tudo por isso mesmo: nada. É um mistério o que ele fez com o dólar flutuante, hoje o que temos flutuante são suas falácias, cada dia sai com as suas. Debochando das leis a todo momento.‘Ignóbil cafajeste”.
Lendo e aprendendo.
Mál an, o pior ministro da Economia que o Brasil já teve. Funcionarios públicos nunca tiveram aumento no governo do FHC. Ele rima com o Paulo Jegue nessa ruindade.
Baixo em todos os sentidos e esse ministro rei das falácias e da perseguição aos pobres.’Que desencarne tão logo o bozo seja derrotado. Mesquinho, vai a Washington falar mal do Brasil sob o provável governo Lula. Sendo que foi no governo deste que as reservas foram criadas, e que hoje ele cobiça, pois não pode ver cheiro de dólares. Múmia Maldita.
Mal-an foi ao FMI e o governo Lula pagou-o e ainda criou as reservas.
Tomara que o Lula de um pé no bumbum do Jegue e ele vá parar lá nas calandras ou Conchinchina. Snob pedante e nojento.
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