sexta-feira, 20 de outubro de 2023

Bernardo Mello Franco - Biden tenta salvar reeleição e se associa a crise humanitária em Gaza

O Globo

Após bloquear resolução brasileira na ONU, presidente americano reforça apoio incondicional a Israel e pede mais dinheiro para guerras

Os Estados Unidos vetaram a proposta brasileira para frear a guerra no Oriente Médio. O texto recebeu apenas um voto contrário: o americano. O suficiente para impedir a aprovação no Conselho de Segurança da ONU.

A resolução condenava os ataques terroristas do Hamas, cobrava a libertação de todos os reféns e pedia “pausas humanitárias” nos bombardeios de Israel.

Ao justificar o veto, a embaixadora Linda Thomas-Greenfield criticou a ausência de menção ao “direito de defesa” israelense. Na prática, isso equivaleria a reconhecer um direito de ataque a Gaza, onde extremistas dividem espaço com civis inocentes.

O texto barrado pelos EUA não falava em cessar-fogo generalizado. Tampouco proibia Israel de usar força militar contra os terroristas. Limitava-se a exigir acesso “rápido, seguro e sem obstáculos” aos comboios de ajuda humanitária. O objetivo era proteger funcionários da própria ONU, da Cruz Vermelha e de outras organizações imparciais, que tentam levar água, comida e assistência médica aos palestinos.

Gaza concentra 2,3 milhões de habitantes numa área de 365 km2, equivalente a um quarto da cidade de São Paulo. A região pertenceu ao Egito até 1967, quando foi tomada por Israel na Guerra dos Seis Dias. Depois de 38 anos, os israelenses deixaram o território, mas mantiveram os palestinos confinados.

Em 2009, o presidente francês Nicolas Sarkozy definiu Gaza como a “maior prisão a céu aberto do mundo”. Agora o presídio teve a luz cortada, está sob uma chuva de foguetes e vive a iminência de uma invasão por terra.

Enquanto os EUA bloqueavam uma saída negociada, Joe Biden posava ao lado de Benjamin Netanyahu em Tel Aviv. O presidente americano reforçou o apoio incondicional a Israel e endossou a versão do aliado para a explosão que matou centenas de inocentes no hospital Al-Ahli. O caso ainda requer investigação independente, mas é sabido que os israelenses já haviam danificado dez unidades de saúde em Gaza.

Biden está preocupado em salvar sua reeleição. Para demonstrar força, mantém a ONU de mãos atadas e se apresenta como o homem providencial que resolverá as guerras pelo mundo. A aposta no unilateralismo o associa a um possível agravamento da crise em Gaza. Ontem ele foi à TV e pediu mais dinheiro para financiar operações militares. A Pax Americana custa caro — e em dólar.

 

4 comentários:

Daniel disse...

EUA e União Europeia são cúmplices do terrorismo de Estado de Israel. O direito de defesa de Israel inclui ASSASSINAR MAIS DE 950 CRIANÇAS PALESTINAS?

ADEMAR AMANCIO disse...

Os dois lados estão errados.

ADEMAR AMANCIO disse...

O ser humano é um blefe.

EdsonLuiz disse...

Sim, dos dois lados têm erros ; e não são erros pequenos.